Fazer a cobertura de um grande evento em tempo real e com informações sendo sopradas no ponto eletrônico a todo momento é um dos maiores desafios de quem faz telejornalismo.
Imprescindível ter concentração máxima para acompanhar as imagens, atualizar os dados, interagir com outros participantes e manter a linha de raciocínio nos comentários.
Desde o atentado a bala contra Donald Trump até o final da convenção do Partido Republicano na noite de quinta-feira (18), os canais de notícias brasileiros monitoraram dia e noite a movimentação do ex-presidente que tenta voltar à Casa Branca.
Na GloboNews, a correspondente Sandra Coutinho, baseada em Nova York, fez análises certeiras sobre o impacto da tentativa de assassinato e a crescente popularidade do conservador. Carismática e com linguagem agradável, ela faz relatos pessoais que transportam o telespectador aos fatos.
Coutinho se sai bem tanto na reportagem de rua quanto na função de comentarista no estúdio. Mantém a coerência e a elegância mesmo quando discorda radicalmente de colegas, como aconteceu recentemente em debate com Demétrio Magnoli sobre o discurso anti-imigração na França, onde ela morou 3 anos.
Enquanto isso, na CNN Brasil, Thais Herédia conquista o protagonismo merecido. Dispensada da GloboNews em 2017, ela teve passagem anterior pelo canal da Avenida Paulista. Demitiu-se e voltou poucos meses depois. Nesta segunda temporada, consolidou-se como âncora ao comandar eventualmente o ‘Prime Time’.
Às vezes, emenda um telejornal no outro, sempre com análises consistentes sobre economia e política. É a única mulher com participação fixa na bancada do ‘WW’ de William Waack. Nos últimos dias, conduziu com estilo próprio – sofisticado e, ao mesmo tempo, descomplicado – o especial ‘América Decide’, sobre a corrida eleitoral à Presidência dos Estados Unidos. Herédia consegue se comunicar bem com a elite da Faria Lima e o telespectador de classe média em busca de um tradutor para o economês.
Além da competência, outro aspecto relevante une as jornalistas: ambas estão na faixa dos 50 anos. Sabemos o quanto a mídia e o mercado de trabalho podem ser cruéis com profissionais mais experientes. Vê-las no auge da carreira na TV serve de estímulo à luta diária das mulheres contra o sexismo e o etarismo.