Carreira marcada por pioneirismo
João Baptista Belinaso Neto, conhecido como Léo Batista, morreu neste domingo (19/1) no Rio de Janeiro, aos 92 anos. Ele estava internado desde a semana passada em estado grave, após ser diagnosticado com um tumor no pâncreas e sofrer complicações de trombose.
Trajetória no jornalismo esportivo
Com mais de 50 anos de atuação só na Globo, Léo Batista é um dos nomes mais respeitados do jornalismo esportivo no Brasil. Ele começou a carreira na década de 1950, como locutor nas rádios Tupi e Nacional, antes de ingressar na televisão.
No rádio, ele se destacou por cobrir a primeira Copa do Mundo realizada no Brasil, em 1950, e por fazer o anúncio da morte do presidente Getúlio Vargas, em 1954.
Na Globo desde 1970, foi um dos primeiros apresentadores do "Globo Esporte" e participou de programas como "Esporte Espetacular". Sua voz marcou a cobertura de eventos históricos. Ele foi o primeiro narrador de surfe e Fórmula 1 na televisão brasileira e protagonizou momentos históricos, incluindo a cobertura de 13 edições de Jogos Olímpicos e de 13 Copas do Mundo.
Além da programação esportiva, o jornalista comandou o programa de auditório "Clube da Alegria" e apresentou edições de sábado do "Jornal Nacional".
Estilo descontraído e inovações
Reconhecido pelo estilo leve e inovador, Léo Batista enfrentou críticas ao longo de sua carreira por quebrar protocolos televisivos. Ele relembrou, em entrevista ao "Esporte Espetacular", que quase foi demitido por usar uma gravata considerada inadequada. "Boni me mandou um memorando me ameaçando de demissão: 'Hoje, Léo, você usou uma gravata anti-televisiva. Se repetir, está demitido sumariamente'. Guardei o memorando porque é memória, é história."
Em outro episódio, foi repreendido por estar "muito sorridente" ao apresentar o "Globo Esporte". "O Armando mandou um memorando falando que eu tinha que ser mais sério. Eu disse: 'Estou falando de futebol, de esporte, de alegria'."
Ao longo das décadas, se tornou referência e inspiração para gerações de jornalistas.
Vida pessoal e legado
Léo Batista era viúvo desde janeiro de 2022, quando sua esposa, Leyla Chavantes Belinaso, foi encontrada morta na piscina de casa. O casal esteve junto por seis décadas.
Também em 2022, aos 90 anos, ele firmou um contrato vitalício com a emissora, assegurando sua permanência indefinida. Apesar de não aparecer com frequência na programação diária, Leo Batista continuava vinculado à emissora, sendo uma figura emblemática e respeitada no jornalismo esportivo.
O jornalista deixa um legado como uma das figuras mais emblemáticas da comunicação esportiva no Brasil, consolidando sua trajetória em diferentes formatos e plataformas ao longo de mais de sete décadas.