Leo Wagner festeja o sucesso em 'Les Misérables' no México

Ator comenta a primeira experiência internacional da carreira e os desafios de preparar o corpo para a maratona de um musical

29 out 2018 - 17h56
(atualizado às 17h59)

Quem acompanha o cenário teatral de São Paulo pode não saber o nome dele, mas certamente já se admirou com aquele homem loiro, alto, de olhos claros, corpo esculpido, carismático e com talento gritante para interpretar, cantar e dançar.

O ator na pele de Jean Valjean na versão mexicana de ‘Les Misérables’
O ator na pele de Jean Valjean na versão mexicana de ‘Les Misérables’
Foto: Divulgação

Leo Wagner, de 33 anos, participou da montagem brasileira de musicais lendários como ‘My Fair Lady’, ‘West Side Story’, ‘A Noviça Rebelde’ e ‘Wicked’. Sua performance em ‘Les Misérables’ rendeu a oportunidade de atuar na versão mexicana do clássico espetáculo.

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Sua primeira temporada por lá foi tão bem-sucedida que ele está confirmado nas apresentações de 2019. Uma façanha a quem não sabia nada de espanhol até receber o convite para trabalhar na terra do mariachi.

Diretamente da Cidade do México, o multiartista conversou com o blog a respeito da carreira e dos prazeres (e dores) de atuar em musicais.

Como surgiu a oportunidade de protagonizar Les Misérables no exterior?

O produtor aqui do México, Morris Guilbert, estava no Brasil preparando a vinda do espetáculo para cá, e assistiu a uma sessão comigo fazendo Jean Valjean. Daí surgiu o convite. Tive que gravar um vídeo para o diretor da versão mexicana, para que ele me conhecesse.  Então fui contratado para alternar Valjean com outro ator aqui no México.

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Já havia tido alguma experiência internacional?

Não tinha nenhuma experiência internacional nem na carreira nem na vida (risos). Sem dúvida, essa fase atual pode ser resumida com a palavra ‘experiências’. São muitas, o tempo todo, e a gente tem que aprender a lidar. 

Tinha fluência no espanhol ou precisou aprender rapidamente?

Não falava absolutamente nada de espanhol. Um mês antes de vir aqui para o México, foquei no básico da língua com aulas particulares, e em memorizar o libreto (texto do espetáculo). Por conta própria, faço aula de fonética, gramática e de canto, tudo para ter o máximo domínio da língua.

Jean Valjean é o personagem dos sonhos de muitos atores de musicais. Você já o tinha interpretado?

Sim, na montagem de Les Misérabels em São Paulo. De 260 apresentações, fiz quase 100 como Valjean. Além disso, eu era cover (nome técnico dos substitutos) de outro personagem, o Javert. Este interpretei bem menos, creio que em oito apresentações.

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Acima, Leo Wagner em ‘Wicked’ e como o Javert de ‘Les Misérables’; abaixo, com Claudia Raia em ‘Cabaret’ e no clássico ‘Cats’
Foto: Reprodução / Divulgação

Como criou sua versão do Jean Valjean?

Tenho muitas inspirações. Para mim, o ator inglês John Owen Jones é o melhor Valjean de todos os tempos. Tanto no Brasil como aqui no México, os diretores sempre te fazem buscar o ‘seu’ Jean Valjean.  O meu tem uma ternura que, sem dúvida, é minha contribuição pessoal ao personagem (risos).

Como tem sido a vida no México?

O País, em especial a Cidade do México, que é onde vivo, me lembra muito o Brasil. A adaptação aconteceu rapidamente, o que para mim foi uma surpresa. 

Quais as diferenças entre o espectador do México e a plateia brasileira?

O público mexicano é muito parecido com o do Brasil. Uma diferença é que aqui as pessoas só se colocam de pé no final do espetáculo se elas realmente gostaram muito da peça. 

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Já se machucou em cena?

‘Cats’ me rendeu uma hérnia discal. É a única lesão que carrego. 

Como é sua preparação corporal e quais os cuidados com a voz? 

Justamente pra evitar lesões, eu tenho uma rotina de atleta, entre aulas de ballet, musculação, alimentação super regrada, dieta para evitar refluxo, álcool e fumo nem pensar. Evitar ao máximo ambientes com música alta é algo que está dentro da minha rotina. Já são 12 anos trabalhando sem parar em musicais, então estou acostumado. É importante estar sempre 100% pra encarar até 9 shows numa semana.

Quais produções exigiram mais esforço físico? 

‘Cats’ foi disparado o mais desafiador, porque além de ter muitas coreografias, a partitura é bem difícil de cantar. ‘Priscilla’ (inspirado no filme homônimo sobre drag queens) era um espetáculo exigente fisicamente também, não tanto pela dança, mas pelas inúmeras trocas rápidas de figurino, e claro, o bendito salto alto (risos).

Entre os tantos espetáculos dos quais participou está Cabaret, com Claudia Raia. O que pode contar a respeito?

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Cabaret foi um onde pude ver de perto como a disciplina é fundamental, pois a Claudia é a disciplina em pessoa. Ela te inspira e te encoraja a ser assim, e com a minha experiência posso dizer que uma das coisas mais incríveis é ter um protagonista, ou como chamamos um ‘leading role’, que seja o maior exemplo para toda a companhia. É péssimo trabalhar em companhias onde os personagens principais não são, digamos, um exemplo, ou alguém que te inspira. 

Acima, Leo Wagner e o marido, o também ator Carlos Arruza; abaixo, em ensaio para o fotógrafo Pavel Anton
Foto: Reprodução / Divulgação

Pingue-pongue:

Musical da sua vida: “Les Misérables”.

Espetáculo que gostaria de fazer: “O Fantasma da Ópera”.

Personagem dos sonhos: “O próprio Fantasma”.

Atores inspiradores: “Daniel Boaventura e meu marido Carlos Arruza”. (Azurra participou de musicais como ‘Mamma Mia’; em TV fez ‘Malhação – Viva a Diferença’ e ‘O Outro Lado do Paraíso’.)

Cidade ou País onde ainda quer trabalhar: “Gostaria de atuar em Nova York. Acho que estar na Broadway seria algo que não consigo nem imaginar...  Muita emoção”.

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Projeto para 2019: “Estou focado em preparar um novo show solo”. 

Pensa em fazer TV?: “É um sonho ainda não realizado. Mas espero realizar em breve”.

Um destaque de sua formação como ator: “Minha primeira experiência com teatro foi aos 13 anos, em grupo amador, e agora estou fazendo um curso para atuação em TV aqui no México. A formação é contínua. Um destaque, sem dúvida, seria a Escola Nacional de Teatro, em Santo André”. 

Profissional que o ajudou: “Jorge Takla, meu diretor nos meus dois primeiros musicais e na minha primeira ópera. Foi ele quem viu em mim o ator de teatro musical”.

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