“Políticos só têm medo do ‘Jornal Nacional’”, disse uma fonte ao veterano do jornalismo Lucas Mendes, da ‘GloboNews’.
É provável que eles tenham outros temores, mas, sem dúvida, o principal telejornal da Globo representa a maior ameaça à imagem de alguém com muito a esconder.
A edição de terça-feira (11) do ‘JN’ deixou essa gente aterrorizada. No ar das 20h40 às 21h44, William Bonner e Renata Vasconcellos detalharam a abertura de inquéritos, autorizada pelo ministro do STF e relator da Operação Lava Jato Edson Fachin, contra alguns dos homens e mulheres mais poderosos da República.
O âncora fez um esclarecimento ao telespectador: o pouco tempo disponível entre a revelação da lista e o início do telejornal obrigou a equipe a priorizar a divulgação a respeito de ministros, governadores e chefes de poder no Congresso – o presidente Michel Temer e os ex-presidentes Dilma, Lula e Fernando Henrique Cardoso também foram citados entre os ‘vips’.
Bonner e Renata gastaram saliva extra para dar conta de tantos nomes, detalhes das delações e respostas de defesa dos acusados. “Nunca vi William Bonner trabalhar tanto como hoje”, ironizou a internauta-telespectadora Daniela Couto na página do ‘JN’ no Facebook.
O medo dos políticos está relacionado à influência do ‘Jornal Nacional’. Em boa fase no Ibope, a atração chega a registrar média de 32 pontos na Grande São Paulo. Índice este que representa 6,5 milhões de pessoas na maior – e mais midiática – região metropolitana do País.
Uma citação negativa no ‘JN’ pode prejudicar ambições eleitorais e afastar apoiadores. Repercussão ruidosa que nenhum marqueteiro é capaz de controlar.
Nos dez minutos que antecederam o começo do ‘Jornal Nacional’, o programa eleitoral do PT teve a participação de Lula. A aparição do líder do partido gerou panelaços em algumas cidades e forte reação a ele – contra e a favor – nas redes sociais, inclusive em páginas oficiais da Globo.
No ar durante boa parte da propaganda petista, Lula teve uma visibilidade relevante em noite quente para o telejornalismo brasileiro – e a aproveitou para disparar artilharia contra Temer e a atual política econômica.
Ao contrário dos políticos temerosos do ‘JN’, o ex-presidente e pré-candidato ao Planalto em 2018 parecia confortável no horário colado ao telejornal mais visto e criticado da televisão brasileira.
Não é exagero afirmar que o 11 de abril de 2017 será lembrado como um dos dias mais tensos do jornalismo e da política.