Faz tempo que o público passou a preferir as vilãs. Afinal, elas são mais interessantes do que as mocinhas. O noveleiro já não engole personagem excessivamente ingênua e, portanto, pouco verossímil.
Em Segundo Sol, Luzia (Giovanna Antonelli) foi ofuscada pelo trio de malandras Laureta (Adriana Esteves), Karola (Deborah Secco) e Rosa (Letícia Colin).
Durante boa parte da novela, a trama da marisqueira-dj se arrastou enquanto bons coadjuvantes cresciam em cena. No capítulo 103, exibido na segunda-feira (10), a heroína enfim despertou para a vida.
O episódio terminou com Luzia, acusada injustamente de ter matado Remy (Vladimir Brichta), jurando vingança contra as malévolas Laureta e Karola. Ressalto: vingança – não justiça. De agora em diante, ela vai se dedicar a dar fim às inimigas.
Heroínas vingativas, com ‘sangue nos zóio’, estão em alta. No folhetim anterior, O Outro Lado do Paraíso, de Walcyr Carrasco, a songamonga Clara (Bianca Bin) conquistou os telespectadores ao retornar milionária, chique, sexy e sagaz.
Quem não lembra da frase que marcou a virada da personagem? “Vocês não imaginam o prazer que é estar de volta” gerou incontáveis memes nas redes sociais e se tornou lição de autoestima.
Não dá pra falar de mocinha implacável sem citar a Nina/Rita (Debora Falabella) de Avenida Brasil, de João Emanuel Carneiro, o mesmo criador de Segundo Sol.
Impossível esquecer aquele “me serve, vadia” que ela usou para humilhar sua rival Carminha (Adriana Esteves).
Na nova fase de Luzia, Giovanna Antonelli terá recursos para recuperar a popularidade de sua personagem. A atriz, sempre competente e carismática, fez o que foi possível até aqui.
Segundo Sol é uma novela que se sustenta em elipses, ou seja, naquilo que não é dito pelos personagens. A trama frágil necessita de omissões de informações básicas para ficar em pé.
Tomara que, a partir desta reviravolta tão necessária, Luzia reassuma o protagonismo e injete mais ritmo e plausibilidade ao novelão que Segundo Sol pretende ser.
Giovanna Antonelli merece, e o telespectador que se manteve paciente até aqui, também.
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