Batoré fez as pazes com Carlos Alberto de Nóbrega em 2019, quando ganhou uma participação afetiva em ‘A Praça é Nossa’ e ficou sete meses no programa. O comediante e seu padrinho na TV passaram 13 anos sem se falar em razão de um mal-entendido.
Quando foi demitido pelo SBT, Batoré pediu uma explicação ao apresentador do humorístico. A resposta foi o silêncio. O comediante pernambucano alimentou a mágoa de quem se sentiu traído e desprezado após 11 anos de sucesso de seu personagem na atração.
Mais de uma década depois do último encontro, Carlos Alberto revelou que a demissão foi determinada por Silvio Santos, em um corte de funcionários e colaboradores. Batoré experimentou o alívio ao saber que não havia feito nada errado – apenas fora vítima da busca corporativa por mais lucro. Acontece nas melhores empresas...
Nos anos em que remoeu a demissão abrupta, sem ter recebido uma explicação coerente, e ficou afastado dos estúdios de TV, Batoré desenvolveu uma depressão. A mesma situação vivida por dezenas, centenas de outros artistas descartados por variados motivos.
Na televisão, somente uma pequena parcela está segura, com contrato de longo prazo e salário alto. A maioria dos atores – principalmente nos programas de humor – trabalha sem vínculo fixo, apenas por cachê. Quando não atua, nada ganha.
Além de não ter direito a nenhum benefício, como plano de saúde, esses artistas do segundo e terceiro escalões passam dia e noite amedrontados pelo fantasma do desemprego.
A qualquer momento podem ser dispensados sem aviso prévio. O glamour que se imagina da vida de quem faz TV existe mais na imaginação do público do que na realidade dos fatos.
Batoré teve a sorte de ganhar nova oportunidade diante das câmeras para fazer o que sabia e gostava. A volta à ‘Praça’ foi uma espécie de justiça tardia.
Ele morreu pobre, aos 61 anos, de câncer, em uma unidade pública de saúde na zona norte de São Paulo, longe dos hospitais caros frequentados por celebridades do primeiro time.
Pelo relato de amigos, não estava triste. Contou piadas até o fim. Ganhou homenagens na imprensa e nas redes sociais. Até o ‘Jornal Nacional’ noticiou sua morte.
Diferentemente de tantos colegas de profissão, que morreram no completo ostracismo, esquecidos pela mídia e consumidos pela sensação de desprezo.
Ao saber da morte do amigo e discípulo Batoré, Carlos Alberto de Nóbrega passou mal e precisou ser medicado. Ainda bem que a reconciliação entre eles aconteceu na hora certa.