Maior tragédia do ano prova que telejornalismo humanizado se faz no meio do povo

Cobertura das enchentes no Rio Grande do Sul se tornou o grande destaque na TV em 2024

28 dez 2024 - 10h21
(atualizado às 10h23)

Do conforto dos estúdios com ar-condicionado para os pequenos barcos oscilando nas águas sujas das enchentes. Âncoras de telejornais tiraram as roupas sociais, vestiram coletes salva-vidas e foram ao encontro das vítimas gaúchas das chuvas torrenciais. 

Na Globo, William Bonner, de camiseta, passou dias circulando entre cidades alagadas. Mostrou que o jornalismo fica mais humanizado – e fiel à realidade – quando se olha nos olhos dos entrevistados no epicentro dos fatos. 

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Ele e um repórter da afiliada RBS foram hostilizados sob gritos de “Globo lixo” e acusações de exploração da tragédia por audiência. Seria melhor o canal de maior influência do País ignorar a catástrofe ou realizar uma cobertura burocrática? 

Foi justamente a valiosa visibilidade que a TV deu ao desastre climático que impulsionou a solidariedade de milhares de brasileiros e pressionou as autoridades de todas as esferas a agir. 

As tentativas de vilanizar a imprensa refletem a radicalização política e a manipulação ideológica da população. Cabe às emissoras, na condição de concessões do Estado, não se curvar à pressão e combater as fake news. Assim, o jornalismo reforça sua credibilidade e contribui à sociedade. 

Entre as fragilidades do telejornalismo em 2024, a cobertura do duelo bélico entre Rússia e Ucrânia, e do conflito envolvendo Israel e os grupos Hamas e Hezbollah. O Brasil já teve alguns dos melhores repórteres de guerra em ação. Hoje, a maioria dos correspondentes noticia o cotidiano dos combates à distância. 

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Compreende-se a decisão da direção das emissoras de não arriscar a vida dos jornalistas e a opção de economizar usando material de agências internacionais e freelancers. Mas tal recurso empobrece a cobertura. Nada se iguala à narrativa de um repórter experiente em campo, sendo testemunha da notícia quando ela acontece.

Raramente fora do estúdio no Rio, William Bonner ancorou edições do 'JN' entre alagamentos e destroços no RS
Raramente fora do estúdio no Rio, William Bonner ancorou edições do 'JN' entre alagamentos e destroços no RS
Foto: Reprodução/TV
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