Algumas vezes, criador e criatura se misturam e fica impossível dissociá-los. Foi o caso de Daniel Carvalho e sua melhor invenção, a personagem Katylene Beezmarcky, uma web diva cafona, despudorada e sarcástica. O humorista, de 32 anos, morreu na noite de sexta-feira (8), em um hospital no Rio, onde estava internado havia algumas semanas.
No final da década de 2000, Daniel foi precursor do humor politicamente incorreto a respeito de famosos e subcelebridades. Por meio de um blog e nas redes sociais, ele fez da fictícia Katylene uma crônica impagável das delícias, futilidades e horrores do universo da TV, do cinema, da música e da mídia em geral. Foi musa da ‘internétchy’, em sua peculiar linguagem.
Sem papas na língua, Katylene popularizou os memes (especialmente com temática LGBT), inventou jargões e inspirou inúmeras personagens semelhantes. Viralizou em um tempo no qual a internet não abrigava a diversidade que se vê hoje. A notícia de sua morte gerou comoção entre amigos e fãs — e suscitou posts de reconhecimento por seu talento ímpar para fazer rir.
O sucesso online levou Daniel para a televisão. Na MTV, foi apresentador e seu alter ego teve o programa ‘Katylene TV’. Depois, na Band, ele participou do ‘Muito+’, com Adriane Galisteu. Paralelamente, atuava como DJ e produtor de festas. Nos últimos tempos, fez lives com ícones da cena gay.
Por conta das aparições e sumiços de Katylene na internet, ao bel prazer de seu criador, o perfil da personagem no Twitter traz a seguinte mensagem: “Oi, miga! Não, eu nunca morro”. Daniel Carvalho jamais morrerá na memória de quem se divertiu com o conteúdo fantástico produzido em sua curta e intensa vida. Ele se eternizou na cultura pop brasileira.