Na reta final do ‘Big Brother Brasil 22’, Lina, Jessi e Gustavo foram os principais oponentes de Arthur. Após serem eliminados, continuaram a orbitar em torno dele ao invés de assumir o protagonismo da própria história fora do reality show.
Em entrevistas e no ‘BBB Dia 101’, os três manifestaram desprezo pela vitória do ator e, estranhamente, mantiveram a narrativa de que eram tão fortes quanto ele, além de não reconhecerem a rejeição inegável apontada pelos índices de votação.
Esse comportamento antipático e nocivo à imagem pública lembra uma questão lançada no romance distópico ‘1984’, do britânico George Orwell, que foi uma das inspirações para a criação do ‘Big Brother’ na Holanda, em 1999: “Entendo como, mas não entendo por quê”.
Lina, Jessi, Gustavo e alguns outros ex-competidores da última edição têm consciência da trajetória bem-sucedida de Arthur, Paredão após Paredão, porque foram testemunhas e partícipes do processo, porém, insistem em não aceitar a razão do sucesso dele no jogo e de seu triunfo.
Qual a dificuldade de enxergar e assimilar que o brother que entrou cancelado na casa logo se apresentou como um jogador ambicioso e hábil, soube ser carismático quase sem sorrir, teve mais inteligência emocional que seus antagonistas e se comunicou melhor com o público nos discursos?
Foi manipulador? Sim. Egocentrado? Também. Obcecado? Sem dúvida. Ele praticou um ensinamento básico do filósofo e pai da ciência política moderna Maquiavel: “Toda ação é designada em termos do fim que procura atingir”. Teve foco, e os telespectadores aprovaram seu estilo explícito de jogar, com a consequência de obrigar os outros a jogar também.
Importante lembrar que o ‘BBB’ é uma disputa individual em um ambiente coletivo, apenas uma pessoa vence – se estivesse lá, caro leitor, você ia querer ganhar ou cederia humildemente a vitória a alguém? Teria uma postura de soldado ou preferiria se fazer de vítima?
Não se trata de um programa para exercitar altruísmo, conquistar amizades, apaixonar-se ou mergulhar no autoconhecimento. Isso tudo pode acontecer em razão das circunstâncias e do imponderável, mas o objetivo primordial, do qual Arthur jamais se distanciou, é lutar pelo prêmio em dinheiro e demais bônus – dos tangíveis aos imateriais – concedidos ao campeão.
Se Lina, Jessi, Gustavo e os demais que não aceitam a própria derrota eram tão fortes e populares como afirmam, por que suas torcidas não se uniram para evitar o êxito de Arthur? Em 2020, o ‘Fantástico’ revelou que 67% dos votantes dos Paredões eram mulheres e apenas 33% homens.
Essa proporção não deve ter mudado muito de lá para cá. Então qual a explicação de a maioria do público, predominantemente feminino, não ter permitido que nenhuma sister chegasse ao Top 6? Ah, sim, a culpa foi do Arthur, não é? Ninguém teve responsabilidade sobre o próprio resultado, todos foram prejudicados pelo brother e sua torcida, ok?
Admitir a derrota nunca será fácil. Contudo, ao invés de gastar tempo e energia atacando inutilmente quem já venceu, o melhor a fazer é defender e propagar o seu legado. O ‘Big Brother Brasil’ oferece o mesmo trampolim a todos: os eliminados que se concentrarem poderão dar um salto tão alto quanto o de Arthur. Seria de extrema tolice se distrair e perder esse impulso.