Existem atores que, em cena, sentem a necessidade de alterar o tom de voz, arregalar os olhos, exagerar nas expressões, ofuscar os colegas. E há aqueles que transmitem os mais intensos sentimentos com sutileza e elegância – Nelson Xavier foi um mestre entre eles.
O ator paulistano morreu aos 75 anos, em Uberlândia (MG), em decorrência de um câncer de próstata diagnosticado em 2004. Considerado um dos maiores artistas do País, tinha quase 60 anos de carreira.
Adolescente apaixonado por cinema mudo, trabalhou quase uma década nas telonas antes de estrear na teledramaturgia, em 1969. Por pressão da família, cursou Direito, e foi se aprimorar como ator na EAD, a renomada Escola de Arte Dramática da USP.
Na TV, seu trabalho com maior repercussão – inclusive com reconhecimento internacional – foi na minissérie ‘Lampião e Maria Bonita’, ao lado de Tânia Alves, na Globo, em 1982. Vendida a outros países, como Itália e Portugal, é considerada uma das melhores produções históricas da televisão brasileira.
Na pele do lendário cangaceiro, Nelson Xavier apresentou uma interpretação magnífica, emprestando delicadeza e lirismo a um personagem tão controverso.
Outro sucesso foi como o Delegado Queiroz, em ‘Pedra Sobre Pedra’, de 1992, fazendo comédia com a parceira de cena Arlete Salles (Francisquinha).
Em 2010, Nelson Xavier interpretou Chico Xavier no filme homônimo, exibido na Globo como minissérie, em quatro episódios.
O ator retomou o papel do médium mineiro no longa ‘As Mães de Chico Xavier’ (2011). Até então ateu, o artista declarou ter se encantado pelo Espiritismo durante a preparação para o papel.
De cabeça raspada, destacou-se ao viver Ananda, um líder budista na trama das 18h ‘Joia Rara’, em 2013.
O último trabalho na TV foi uma participação especial em ‘Babilônia’ (2015), quando surgiu como Sebastião, um cadeirante assassinado pela vilã Beatriz (Gloria Pires).
Sem interesse pelo mundo das celebridades, Nelson Xavier só aparecia na imprensa era para defender seus personagens e conversar a respeito de sua arte. Deixou um legado à altura de sua grandeza pessoal.