No início de 2023, houve um corre-corre nos bastidores da novela ‘Vai na Fé’. Rafa Kalimann estava escalada para uma personagem importante. Já havia gravado cenas quando o Sated-RJ negou autorização especial para ela fazer o trabalho na Globo.
“Daquela vez, decidimos não liberar. Antes, havíamos dado algumas autorizações a ela”, explica o presidente do Sindicato dos Atores do Rio, Hugo Gross. Uma delas foi para sua participação na série ‘Rensga Hits!’, do Globoplay.
Segundo a coluna apurou, a direção do Sated-RJ considerou desrespeitoso a Globo colocar Kalimann no estúdio de ‘Vai na Fé’ sem antes solicitar a autorização provisória obrigatória, já que na época a ex-BBB não tinha o registro profissional definitivo.
Ator na emissora por muitos anos, Hugo Gross é crítico da presença de influenciadores nos elencos de teledramaturgia dos canais enquanto milhares de atores com sólida formação e vasta experiência aguardam uma chance.
“A TV Globo acha que colocar influencer nas novelas vai melhorar a audiência. O que faz o Ibope subir são atores que acreditam no que fazem, sabem qual é a tônica de um texto, se pronunciam diante da câmera, dão vida ao personagem”, argumenta o líder sindical.
“Muitos influenciadores acham que não precisam de nada disso. ‘Todo mundo vai gostar de mim na TV’, pensam. Não, não vão.”
Dois exemplos chancelam a visão de Hugo Gross. Uma das primeiras celebridades da internet, Kéfera Buchmann entrou em ‘Espelho da Vida’ em 2018. Mesmo sendo atriz profissional (cursou teatro por 5 anos), não conseguiu se destacar na novela, que teve uma das mais baixas médias de audiência na faixa das 18h da Globo.
Famosa nas redes sociais e projetada nacionalmente no ‘Big Brother Brasil’, Jade Picon recebeu um papel de vilã em ‘Travessia’. A inexperiência cobrou dela um preço caro: duras críticas por sua atuação. A obra também não conseguiu empolgar o público e terminou com índice no Ibope longe da expectativa.