Difícil compreender as demissões de Janaína Paschoal e Marco Antônio Villa. Representavam, respectivamente, as vozes da direita clássica e do progressismo (não necessariamente da esquerda partidária) ao atuar como comentaristas da CNN Brasil.
Ambos se destacavam com uma visão própria a respeito da política. Havia repercussão nas redes sociais e até na imprensa. E os dois contribuíam com argumentos pautados em suas especialidades. Ela, professora de Direto. Ele, historiador.
O desligamento de Janaína e Villa faz parte de mais uma rodada de mudanças no canal de notícias. O âncora Rafael Colombo, igualmente enfático em seus posicionamentos no ar, também foi demitido. Parece haver uma tentativa de minimizar a polêmica na abordagem das notícias.
Desde a estreia, em março de 2020, a CNN Brasil tenta imprimir uma personalidade na cobertura de Brasília e da economia. Possui profissionais competentes, analistas respeitados, boa equipe técnica, cenários bonitos, porém, não consegue aumentar seu público.
A alta rotatividade de jornalistas e comentaristas, a saída de executivos do Jornalismo e as frequentes alterações na programação indicam que o canal continua perdido, tentando encontrar um caminho. A recente transferência para a GloboNews de Daniela Lima – transformada em estrela do noticiário – deixou a situação ainda pior.
No ranking de audiência, a TV da Avenida Paulista fica atrás da Record News, GloboNews e Jovem Pan News. Em julho, não apareceu nem entre os 30 canais mais vistos da TV paga. Um desempenho ruim refletido no prejuízo financeiro. O déficit entre faturamento e custos fixos ultrapassa R$ 100 milhões.
Dono da CNN Brasil, o mineiro Rubens Menin, de 67 anos, possui patrimônio de 1,5 bilhão de dólares (cerca de R$ 7,5 bilhões), segundo a revista ‘Forbes’. Pode se dar ao luxo de continuar a investir do próprio bolso na emissora. Mas até quando?