Autor foi acusado de plágio com novela resgatada pelo Globoplay; caso mudou política da Globo

Novela que fez Globo perder milhões em indenização e mudar política de criação de narrativas estreou no Globoplay em dezembro

25 jan 2025 - 07h30
Francisco Cuoco protagonizava a trama e viveu papel duplo
Francisco Cuoco protagonizava a trama e viveu papel duplo
Foto: Reprodução/Globo / Contigo

Em março de 1987, a Globo estreava O Outro como sua nova novela das oito. A trama, assinada pelo autor Aguinaldo Silva, trazia um tema bastante explorado na teledramaturgia brasileira e virou alvo de processo de plágio por parte de uma autora não contratada pela emissora. A novela que mudou a política da Globo foi resgatada pelo Globoplay e está disponível no catálogo do streaming desde o dia 2 de dezembro. Relembre a trama e o caso problemático.

Estreia solo conturbada

A novela, como destaca o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, representou o primeiro trabalho solo de Aguinaldo Silva como autor titular na Globo. Inspirado por obras literárias como O Terceiro Homem, de Graham Greene, e O Duplo, de Dostoievski, o escritor trouxe à tona a ideia do "duplo", um tema frequente na ficção, presente também em novelas como Mulheres de Areia e O Clone.

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Na autobiografia Meu Passado Me Perdoa, Aguinaldo afirmou que sua proposta era única, mesmo abordando uma temática já explorada em diferentes formatos. Segundo ele, o diferencial estava na construção dos personagens, que enfrentavam conflitos internos ao lidar com seus próprios "outros".

Logo após o início da novela, a roteirista Tânia Lamarca abriu um processo contra a Globo, alegando que a obra havia sido baseada em uma sinopse criada por ela e Marilu Saldanha, chamada Enquanto Seu Lobo Não Vem. O texto, recorda Xavier, havia sido deixado na Casa de Criação Janete Clair, um espaço dedicado à análise de projetos de autores externos.

Tânia solicitou uma indenização milionária por violação de direitos autorais. Em 1994, após anos de disputas legais, o Supremo Tribunal Federal deu ganho de causa à roteirista, obrigando a emissora a pagar uma indenização que, segundo o Teledramaturgia, chegou a 3 milhões de reais em valores de 2009.

Mudança na emissora

Esse episódio fez a Globo reformular completamente suas políticas de recepção de ideias, proibindo qualquer funcionário de aceitar roteiros ou projetos de escritores que não fossem contratados. Além disso, a Casa de Criação Janete Clair foi encerrada, colocando fim a um espaço que havia sido criado para estimular a inovação na dramaturgia.

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O processo abalou não apenas a reputação da novela, mas também moldou novos parâmetros na gestão de produções da Globo. Por outro lado, o valor recebido por Tânia Lamarca permitiu que ela realizasse um projeto pessoal: o longa-metragem Buena Sorte, lançado em 1997.

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