Disponível no Globoplay, novela abordou a Aids após autor perder um filho com a doença

Trama da Globo usada por autor como forma para conscientização do público sobre a Aids estreou no Globoplay no dia 30 de dezembro

21 jan 2025 - 07h30
Ator escolheu representar a luta contra Aids com personagem feminina
Ator escolheu representar a luta contra Aids com personagem feminina
Foto: Reprodução/Globo / Contigo

Em 5 de maio de 1997, a Globo estreava Zazá, novela na qual o autor Lauro César Muniz abordou a Aids após perder um filho para a doença. A obra, que tratava de diversos temas sociais e foi considerada polêmica para a época, entrou no Globoplay no final de 2024, em 30 de dezembro. Saiba mais sobre a nova novela no catálogo do streaming.

Representação do filho

Zazá destacou a trajetória dos portadores de HIV através da personagem Jaqueline, vivida por Adriana Londoño. Em depoimento para o livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, Lauro César Muniz revelou por que decidiu abordar o tema na novela: "Na verdade, eu precisava exorcizar o fantasma da Aids porque perdi um filho com a doença".

Publicidade

Como relembra o jornalista Nilson Xavier, do Teledramaturgia, o filho de Lauro, Ricardo, era dependente químico e tinha 27 anos quando faleceu em 1992, após lutar contra a enfermidade por cinco anos. "Senti uma enorme necessidade de tratar desse assunto. Como não queria abordar de forma tão direta, criei uma personagem feminina, que contraiu o vírus após uma transfusão de sangue", explicou o autor.

A trama também contou com uma participação especial da atriz Sandra Bréa, que era soropositiva, no capítulo final. Interpretando a si mesma, Sandra fez um discurso esperançoso sobre as pesquisas em busca da cura da Aids. Essa foi sua última aparição na TV. A atriz faleceu em 2000, vítima de câncer de pulmão.

Desafios de produção

Durante o desenvolvimento de Zazá, destaca Xavier, Lauro enfrentou obstáculos que impactaram a recepção da obra. "No começo, a novela foi bem: Zazá era uma farsa divertida que me alegrava muito. Tinha todos os elementos para funcionar e iniciou com uma ótima aceitação", relatou em sua biografia Lauro César Muniz Solta o Verbo.

No entanto, o desgaste o levou a dividir a escrita com outros colaboradores, o que trouxe complicações. "Rosane Lima tinha um humor delicado e sofisticado, enquanto Aimar Labaki apresentava um humor ácido e exagerado. Tentei alinhar os estilos, mas o prazo era apertado, e os capítulos começaram a atrasar", contou.

Publicidade

A situação piorou com a queda na audiência, resultando na decisão da Globo de estender a novela em mais 50 capítulos para preencher a programação até a estreia de Corpo Dourado. "Esse foi o golpe final. A audiência caiu ainda mais", lamentou o autor.

Zazá encerrou sua trajetória em 10 de janeiro de 1998, somando 215 capítulos. Apesar das adversidades, a novela ficou marcada por sua abordagem de questões sociais relevantes e pelo depoimento histórico de Sandra Bréa.

Confira abertura da novela:

Contigo
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações