Em 10 de dezembro de 2019, há cinco anos, a Record TV estreava Amor Sem Igual, novela que trouxe como protagonista uma personagem inesperada: a prostituta Poderosa, vivida por Day Mesquita. Assinada por Cristianne Fridman e supervisionada por Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo, a trama uniu romance clássico, crítica social, narrativa religiosa e converteu a personagem principal à Igreja Universal.
Mocinha fora do comum
Como relembra o jornalista Nilson Xavier, do site Teledramaturgia, o anúncio de que a protagonista seria uma prostituta causou surpresa e polêmica na época. Cristianne Fridman explicou que a abordagem seria leve, com foco no romance.
"É uma história romântica, não um mergulho no mundo da prostituição. As prostitutas fazem parte do universo dos personagens, mas de maneira indireta e sem apelos sensacionalistas", declarou a autora ao jornalista. A inspiração para a construção de Poderosa foi o clássico Uma Linda Mulher (1990), com Julia Roberts, mas com uma trajetória que colocava a personagem em busca de redenção espiritual.
Apesar disso, segundo Xavier, Amor Sem Igual não fugiu da doutrinação religiosa. O mocinho Miguel (Rafael Sardão) tinha como principal objetivo "salvar" Poderosa, conduzindo-a ao caminho da fé. Essa narrativa culminou em uma reta final repleta de cânticos religiosos, leituras bíblicas e conversões, não apenas de Poderosa, mas de outros personagens, como um vilão que encontrou redenção na palavra de Deus enquanto estava preso.
Pandemia e reinvenção
A novela foi interrompida pela pandemia de Covid-19 em abril de 2020, como ocorreu com outras produções da época. Após uma pausa de meses, as gravações foram retomadas em agosto sob protocolos de segurança. A exibição dos capítulos restantes ocorreu entre outubro de 2020 e janeiro de 2021, encerrando a trama com uma abordagem marcada pelo contexto religioso.
Amor Sem Igual seguiu Topíssima no horário, mas com uma narrativa distinta: enquanto Topíssima tinha tom cômico e uma protagonista feminista, Amor Sem Igual adotou o drama e explorou questões como prostituição e tráfico de órgãos sob um viés moralizador. "É uma novela mais adulta, com temas sérios que precisam de um tratamento cuidadoso", destacou o diretor Rudi Lagemann na mesma entrevista.
A novela também inovou ao inserir um QR Code na tela, direcionando espectadores ao site do Templo de Salomão, fortalecendo os laços entre a trama e a Igreja Universal. Essa estratégia reforçou o caráter institucional da produção, que se alinhava às diretrizes da emissora e de sua supervisora de texto, Cristiane Cardoso.