O interesse político de Bolsonaro por trás da renovação da concessão da Globo 

Presidente criaria poderosos inimigos caso prejudicasse a rede de TV dos herdeiros de Roberto Marinho

21 dez 2022 - 12h24

Por que Jair Bolsonaro ‘traiu’ seus apoiadores que defendem o fechamento da Globo e assinou o decreto renovando a concessão da TV da família Marinho por mais 15 anos? 

Simples: caso negasse a nova outorga, ele desagradaria a políticos poderosos que são donos de afiliadas ou têm ligação com grupos de comunicação parceiros da Globo. 

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Por exemplo, o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB), dono da TV Gazeta de Maceió, que é afiliada da Globo desde 1975, e apoiou a campanha de reeleição. 

Outra referência: a Rede Anhanguera, afiliada em Goiás, é aliada do governador reeleito Ronaldo Caiado (União Brasil), que trabalhou por Bolsonaro e ajudou o presidente a derrotar Lula nas urnas do estado. 

Mais dois casos: no Maranhão, a associada da Globo, TV Mirante, é do ex-presidente José Sarney (MDB); já na Bahia, a principal parceira da rede carioca, TV Bahia, pertence ao clã Magalhães, comandado por ACM Neto (União Brasil). 

No total, são 116 afiliadas espalhadas pelas 5 regiões, atingindo quase 100% dos domicílios. Essas TVs regionais empregam milhares de profissionais e têm grandes marcas entre seus anunciantes nos intervalos comerciais. 

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Se não renovasse a concessão, Bolsonaro prejudicaria algumas das maiores fortunas pessoais e empresas do País. Imediatamente haveria um contra-ataque feroz de deputados, senadores, governadores e caciques partidários na defesa dos interesses dos afiliados da Globo e do mercado publicitário.

O presidente em fim de mandato perderia importantes apoios para se manter líder da direita em oposição ao futuro governo petista. Sairia caro demais desafiar a influência e os negócios da bilionária família Marinho e das TVs agregadas ao grupo. 

Por isso, a edição de 21 de dezembro do Diário Oficial da União traz nos artigos 3º, 4º, 5º, 6º e 7º, a renovação da licença de transmissão dos 5 canais próprios do Grupo Globo, determinada por Jair Bolsonaro e o ministro das Comunicações, Fabio Faria. 

Agora cabe ao Congresso Nacional fazer uma votação para chancelar a decisão vinda do Executivo. A emissora líder no Ibope possui forte lobby nas duas casas legislativas. A aprovação está garantida. 

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Neste mês, o SBT, a Band e a Record também tiveram concessões renovadas pelo presidente da República.

Em fevereiro de 2021, no aeroporto de Cascavel (PR), Bolsonaro levantou um cartaz contra a emissora da família Marinho: as ameaças foram puro blefe
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Foto: Alan Santos/Presidência da República
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