O sobrenome Melquiades tem origem helênica e significa “aquele que possui fama e poder”. Foi inspirado em um importante general de Atenas, Melcíades, que ajudou a transformar a antiga Grécia em uma potência, cinco séculos antes de Cristo.
Esse nome de família caiu como uma luva para Luiz Ricardo, ou melhor, Rico, o campeão de A Fazenda 13. Ele nasceu com a ambição de atrair todos os holofotes. Além disso, gosta de comandar as pessoas e está sempre pronto para a guerra.
Muita gente – telespectadores, críticos de TV e até colegas de confinamento – desdenhou do influenciador no início do programa. Ele não era realmente famoso e trazia o rótulo de barraqueiro por sua participação tumultuada em ‘De Férias com o Ex’, da MTV. Logo ficou evidente que a agressividade era um escudo para ocultar fragilidades.
Aos poucos, a figura de Rico foi humanizada. Especialmente nos momentos em que revelou dor emocional. Em uma festa, chorou após ter sido xingado de “feio para c*aralho”. A harmonização facial e outros procedimentos estéticos não curaram o trauma de ser tratado como estranho em uma sociedade que supervaloriza a beleza clássica e explícita.
Ele se tornou porta-voz de quem já foi discriminado simplesmente por ser ‘comum’ em um mundo de idealizações. Refletiu a respeito em uma roça. “Beleza realmente não põe mesa, só até os 15 minutos. Depois que você conhece (a pessoa), vê que realmente não vale nada.”
Em um embate com o modelo fitness Erasmo Viana – que era seu crush e também um inimigo íntimo –, o peão criticou a arrogância de quem usa a beleza como argumento de superioridade. “Quem tiver o seu ‘feinho’, agarre, não largue. Essas pessoas bonitas assim acham que podem tudo, são grosseiras, estúpidas.”
Admitir baixa autoestima em rede nacional de TV não é para qualquer um. A partir de seu drama, Rico deu visibilidade a milhões de anônimos que também se sentem inferiorizados. Foi a tal beleza interior (e não é que ela existe mesmo?) que fez o público se apaixonar pelo rapaz indomável. “Tem aquele que parece feio, mas o coração nos diz que é o mais bonito”, canta a banda O Teatro Mágico na música ‘Sonho’.
Por outros motivos, Rico teve momentos de profunda tristeza no confinamento. Mais de uma vez se trancou na despensa para chorar sozinho. Em algumas votações, ele mergulhava em profunda introspecção, cabeça baixa, olhos melancólicos. Dava para constatar que não era atuação de ‘VTzeiro’ – e sim alguém abatido pela pesada bagagem da existência.
Merecidamente premiado por ter salvado a atração da monotonia, e agora realmente uma celebridade, o Melquiades de Alagoas parte para o desafio de conseguir espaço permanente na TV. Tomara que consiga. Não falta talento para divertir e inspirar o público. Ele tem o raro destemor de dar a cara a tapa. Contrariando o hilário bordão “Calada vence”, Rico triunfou ao gritar sua verdade para o mundo. Sua voz não pode mais ser silenciada.