Os fãs de séries baseadas em fatos reais da Netflix ainda nem se recuperaram do horror visto em ‘Jeffrey Dahmer – Um Canibal Americano’ e já se preparam para a aguardada 5ª temporada de ‘The Crown’, com lançamento na plataforma em 9 de novembro.
A história chegará à década de 1990, uma das mais agitadas para a atual dinastia Windsor. Segundo a imprensa internacional, o roteiro dá atenção especial a 1992, chamado por Elizabeth II de ‘annus horribilis’, expressão em latim para um ano de intermináveis infortúnios.
Afinal, o que aconteceu de tão ruim?
Em março daquele ano, o Palácio de Buckingham anunciou a separação do 3° filho da monarca, o príncipe Andrew, Duque de York, e de Sarah Ferguson, a Duquesa de York, após 6 anos de casamento e duas filhas. O divórcio foi precedido por incontáveis fofocas sobre brigas e traições.
Dias depois, morreu John Spencer, o 8° Conde Spencer, pai da princesa Diana. Ele e Elizabeth tinham ótima relação. O aristocrata trabalhou para o pai da rainha, rei George 6°, e depois também para a monarca.
Abril ficou marcado pelo comunicado do divórcio da única filha da soberana, a Princesa Anne, e do capitão do Exército Mark Phillips, com quem ela teve dois filhos.
Junho trouxe nova dor de cabeça a Elizabeth. A biografia ‘Diana: Sua Verdadeira História’, escrita por Andrew Morton, chocou os súditos da realeza com revelações bombásticas.
A pior foi que a princesa tentou o suicídio 5 vezes após descobrir que Charles havia retomado o romance com a namorada de adolescência Camila Shand, conhecida na mídia como Camilla Parker-Bowles.
Em agosto, Elizabeth viu sua família protagonizar outro vexame nos tabloides. A ex-nora, Sarah Ferguson, foi fotografada fazendo topless e com um pé na boca do homem que seria seu amante, o milionário americano John Bryan, sob o sol da Riviera Francesa.
A manchete era picante: ‘Fergie Toe-Job’. Fergie é o apelido de Sarah. Toe-job, uma expressão usada para práticas sexuais ou fetichistas utilizando os dedos dos pés. O caso ficou conhecido como ‘escândalo do dedão chupado’.
Mesmo vivendo longe do povo, Elizabeth II sentiu a pressão pelo resultado ruim da economia. Em setembro de 1992, o Reino Unido registrou o maior índice de desemprego dos últimos 5 anos. Sempre que a população se sente mais pobre, a popularidade da família real despenca.
Outubro começou com duas bombas explodidas em Londres pelo IRA, o Exército Republicano Irlandês, que luta pela independência da Irlanda. Meses antes, o governo já havia sido abalado pelo assassinato de 3 homens que seriam informantes do MI5, o Serviço de Inteligência Britânico, infiltrados no IRA.
No fim daquele mês, o grupo separatista explodiu outro artefato perto da residência do Primeiro-Ministro, John Major, na famosa Downing Street. Por sorte, ninguém foi ferido.
Em novembro, a rainha ficou profundamente abalada com um incêndio no Castelo de Windsor, sua propriedade preferida (e onde ela foi sepultada no último dia 19, como desejava).
Quatro dias depois, em discurso no Parlamento, fez um discurso amargo a respeito daquele período. “1992 não é um ano em que olharei para trás com prazer absoluto”, disse.
A fase ruim não havia terminado.
Na mesma semana, a monarca foi oficialmente informada que passaria a pagar imposto de renda, depois do fim de quase 60 anos de isenção para o clã real.
Dezembro chegou estremecendo os alicerces da monarquia. Após especulações, o Palácio de Buckingham confirmou a separação de Diana e Charles.
Na tentativa de acalmar os ânimos, membros do governo garantiram que não a princesa e o herdeiro do trono não pensavam em divórcio. A imprensa de fofocas bombardeou a rainha com críticas por não ter ajudado a salvar o casamento do filho mais velho.
Outro atentado do IRA deixou feridos na tradicional Oxford Street, em Londres. O texto da aguardada mensagem de Natal da monarca na TV foi vazado a um tabloide sensacionalista. Ela ficou furiosa ao se sentir traída por alguém bem próximo.
Quando 1992 acabou, Sua Majestade, a rainha Elizabeth II, respirou aliviada – e não quis olhar para trás.