Maior grupo de mídia do Brasil, a Globo Comunicação e Participações registrou prejuízo pela primeira vez em sua história. Fechou 2021 com R$ 173,8 milhões negativos. No ano anterior havia conseguido lucro líquido de R$ 167,8 milhões.
As receitas aumentaram no ano passado: R$ 14,4 bilhões, 15% a mais do que os R$ 12,5 bilhões de 2020. Esse crescimento na entrada de dinheiro não foi suficiente para compensar as perdas decorrentes da pandemia de covid-19 e custos extras com operações técnicas, reagendamento de eventos esportivos e reajuste no valor de direitos de transmissão.
A dívida da Globo subiu de R$ 5,5 bilhões para R$ 5,8 bilhões no período. A empresa já se antecipou e garantiu ao mercado os pagamentos com vencimento em 2025 e 2027. Agora, só terá que se preocupar com os débitos agendados para 2030 e 2032. Não há nenhum risco de inadimplência ou falência.
A companhia terminou 2021 com R$ 12,8 bilhões em caixa, ou seja, mais do que o dobro de sua dívida a longo prazo. Apesar do revés financeiro, pretende manter investimentos de R$ 7 bilhões em produção de conteúdo e novas tecnologias ao longo deste ano.
O problema da Globo é que as despesas fixas aumentam na mesma proporção que o crescimento das receitas. Para equilibrar a situação, a companhia dispensou muitos artistas e reduziu drasticamente a quantidade de contratos longos. Novas demissões devem acontecer nas próximas semanas.
Em janeiro, a agência americana de análise de risco Fitch divulgou um relatório a respeito do grupo da família Marinho. Apontou “declínio de seu negócio de transmissão de TV tradicional”, sendo o ponto fraco a dependência da publicidade veiculada nos intervalos comerciais.
Por outro lado, apontou otimismo com o crescimento acelerado das receitas do Globoplay, plataforma de streaming que atrai cada vez mais assinantes e parcerias comerciais. A Fitch estima que a Globo vai faturar R$ 15,7 bilhões este ano, quase 10% a mais do que em 2021.