Chama-se ‘Sale & Leaseback’ a operação realizada entre a Globo e o fundo de investimento imobiliário Vinci Offices. Na prática, a emissora vendeu sua sede em São Paulo por R$ 522 milhões e, imediatamente, tornou-se locatária do novo proprietário.
O documento garantiu à Globo ocupar o espaço por 15 anos, com preferência para renovar por mais 15. Em comunicado sobre a operação a seus cotistas, a Vinci informou que o Grupo Globo tem patrimônio líquido superior a R$ 15 bilhões.
Nos próximos 12 meses, a emissora vai pagar R$ 39,7 milhões pela ocupação da propriedade localizada no Brooklin, zona sul de São Paulo. No terreno de 43 mil m² há 56 mil m² de área construída (redações, estúdios, escritórios e instalações técnicas) e 39 mil m² de área verde.
Destaque para a torre ‘Jornalista Roberto Marinho’, um edifício espelhado de 12 andares e 3 subsolos, inaugurado em 2007, com vista para a Ponte Estaiada. Ali está o Estúdio Glass, de onde são apresentados os telejornais ‘SP1’ e ‘SP2’. Nos outros andares funcionam setores corporativos e um auditório.
No terreno existem ainda três grandes módulos de produção, em funcionamento desde 1999, com mais estúdios. Um deles, dedicado ao jornalismo, abriga a redação e a área dos cenários do ‘Jornal Hoje’ e ‘Jornal da Globo’.
Na sede paulistana também são produzidos ‘Globo Rural’, ‘Hora Um da Notícia’, ‘Mais Você’, ‘Altas Horas’, ‘Globo Esporte SP’ e uma parte do ‘Domingão com Huck’.
O complexo conta com dois helipontos e dois estacionamentos com 1.500 vagas. Cerca de 1.300 profissionais trabalham na sede paulista do canal.
Os R$ 522 milhões da venda da sede em SP representam 4% da receita total do Grupo Globo em 2020, R$ 12,5 bilhões, e pouco mais de 3 vezes o lucro da empresa no mesmo período, R$ 167,8 milhões.
A operação faz parte do rigoroso processo de reestruturação financeira da companhia, com a meta de reduzir custos fixos e aumentar a margem de lucro.
Os cortes em todas as áreas começaram a surtir efeito. O prejuízo de R$ 114 milhões no primeiro semestre foi revertido em lucro de R$ 142 milhões no terceiro trimestre.
Para decepção de quem torce pela falência da Globo, a situação financeira do canal é confortável. Possui cerca de R$ 12 bilhões em reservas que garantem o pagamento das maiores dívidas a vencer em 2025, 2027 e 2030. Os R$ 300 milhões em pendências com o governo federal (impostos e recolhimentos ao INSS) estão 99% negociados.