Após 3 semanas e 18 capítulos, ‘Mania de Você’ continua com audiência baixa. A média de 22 pontos está distante da meta de 30. Independentemente dos números, a trama não caiu no gosto popular. Repercute pouco no grande termômetro de sucesso: as redes sociais e os apps de vídeos curtos.
O autor, João Emanuel Carneiro, disse à ‘Veja’ acreditar que a novela ainda vai conquistar muitos telespectadores. Talvez aconteça, mas é improvável que se torne um fenômeno de comentários dentro e fora da internet como foi sua obra anterior, ‘Todas as Flores’, do Globoplay.
Aliás, a ficção mais comentada de 2024, até aqui, pertence ao mais poderoso streaming, a Netflix. Com apenas 17 episódios, ‘Pedaço de Mim’ gerou gigantesco interesse de público e recebeu merecidamente incontáveis críticas positivas na imprensa. A cada ano, a teledramaturgia tradicional – com seus intermináveis 160, 170, 180 capítulos – está mais e mais ofuscada pela ousadia e capacidade de surpreender das séries curtas das plataformas digitais.
A Geração Z, formada pelos nascidos entre meados da década de 1990 e 2010 (ou seja, eles têm entre 14 e 27 anos), não demonstra interesse pela televisão aberta. Tal distanciamento dificulta a renovação de público da velha TV. Consequentemente, os índices de audiência despencam.
Há 7 anos, a faixa das 21h da Globo marcava acima de 35 pontos (‘A Força do Querer’, ‘O Outro Lado do Paraíso’). As últimas 5 novelas (‘Um Lugar ao Sol’, ‘Pantanal’, ‘Travessia’, ‘Terra e Paixão’ e ‘Renascer’) ficaram abaixo de 30, somando média 25. Perda de quase 30% de audiência em menos de uma década.
Todos – a emissora, os autores, os jornalistas especializados etc. – precisam aceitar a nova realidade: a televisão convencional vai marcar cada vez menos pontos, com exceção de fenômenos pontuais no Ibope. Não significa que a qualidade piorou ou a existência de uma crise. Trata-se apenas do mundo atual, onde a TV, que um dia foi o único meio de entreter a família, hoje é apenas mais uma opção na maioria das casas e não agrada a todos os perfis.