Guardião da natureza, o Velho do Rio (Osmar Prado) decide arriscar a própria existência para combater sozinho um grande incêndio nas matas. O capítulo de terça-feira (28) de ‘Pantanal’ gerou impacto nas redes sociais pela imagem do ser solitário – um homem frágil com aura de entidade mística – em luta contra o ataque criminoso à fauna e à flora da região.
“(O fogo) vai transformar essa terra numa fornalha! Vai matar tudo pela frente”, lamenta o Velho, olhos cheios de lágrimas. Em outra sequência, a edição da novela usou imagens reais de queimadas provocadas, terra arrasada pelas chamas, bichos carbonizados, outros animais agonizando nas cinzas, céu e horizonte tomados por fumaça. Cenário devastador.
Nenhuma palavra foi necessária. As imagens ao longo de 1 minuto falaram por si. A teledramaturgia se colocou a serviço de um problema real: a destruição de um dos biomas mais ricos do planeta, sob a negligência de um governo que despreza a pauta da ecologia em nome do poder econômico de quem explora indistintamente o Pantanal, a Amazônia e outros territórios essenciais para o bem-estar do planeta e da humanidade.
Foi, sem dúvida, uma crítica à distorcida política ambiental de Jair Bolsonaro e àqueles que se sentem autorizados pelo presidente a desmatar, queimar, invadir, ‘grilar’ e garimpar, sem respeitar as leis, a população local e o senso de preservação coletiva.
Dois personagens de ‘Pantanal’ dão voz ao ativismo pela sustentabilidade. Jove (Jesuíta Barbosa) e seu pai, Zé Leôncio (Marcos Palmeira), têm conversado com frequência a respeito da importância de preservar as áreas verdes e implementar uma pecuária com menor dano à natureza. O fazendeiro demonstra preocupação em manter seu negócio rural sem gerar impacto negativo nas vastas terras.
O outro lado é representado por Tenório (Murilo Benício), um ex-grileiro sem qualquer preocupação com os recursos naturais. Dono de terras improdutivas, ele participa de negócios ilegais ligados à exploração do campo e só pensa em acumular mais riqueza. Até manda roubar gado não marcado do vizinho Zé Leôncio.
O autor de ‘Pantanal’, Benedito Ruy Barbosa, morador de um sítio no interior de São Paulo, sempre usou seus folhetins para denunciar questões sociais e ecológicas. Em ‘O Rei do Gado’, de 1996, por exemplo, abordou a realidade dos boias-frias de movimentos dos sem-terra. A busca por uma agricultura sustentável e a recuperação de solo desgastado apareceram em ‘Velho Chico’, de 2016.
A mesma Globo que exibe nos intervalos a campanha ‘O agro é pop’, duramente criticada por ambientalistas, promove em algumas novelas a consciência ecológica que falta à maioria dos brasileiros.
Que dor,essas cenas do incêndio. Dos animais mortos. Da natureza sendo destruída. 😭😭😭😭😭😭😭 #Pantanal pic.twitter.com/6rCiKj756r
— Rocha vaz (@josemarceloroch) June 29, 2022