Chega ao fim o remake de ‘Pantanal’. Atingiu média de 29.7 pontos de audiência. Ao arredondar, chega aos 30, índice almejado pela Globo.
Aumento de 35% em relação ao folhetim anterior, ‘Um Lugar ao Sol’. Teve entre 4 e 5 vezes mais público do que Record e SBT no mesmo horário.
A produção fez muita gente experimentar novamente o prazer de acompanhar uma trama diária.
Belas imagens da natureza, pitadas de surrealismo folclórico, interpretações consistentes e saborosa comicidade estão entre os pontos altos.
O único erro relevante foram as ‘barrigas’. No jargão novelístico, significa aquela fase em que nada interessante acontece ao longo de vários capítulos. Só ‘encheção de linguiça’.
Bruno Luperi se mostrou competente ao adaptar o roteiro original escrito em 1990 por seu avô, Benedito Ruy Barbosa, para a TV Manchete.
Poderia ter sido mais ousado ao atualizar a obra. Houve excesso de reverência ao original. Compreensível pela ligação afetiva entre os dois dramaturgos.
Algumas mudanças são questionáveis, como trocar a castração de Alcides (Juliano Cazarré) pelo estupro praticado pelo vilão Tenório (Murilo Benício). Violência por violência, sem agregar valor à história.
‘Pantanal’ prova que um elenco unido nos bastidores se reflete diante das câmeras. Poucas vezes vimos tamanho entrosamento entre atores.
Entre as várias revelações, destaque para Isabel Teixeira como Maria Bruaca. Hipersensível, ela deu show tanto nas cenas dramáticas quanto nas passagens de humor brejeiro.
A novela exibiu discursos coerentes a respeito da preservação do meio ambiente. Sobre o agronegócio e a pecuária, mordeu e assoprou.
Das questões sociais, o feminismo foi melhor desenvolvido. O ambiente predominantemente masculino e machista proporcionou bons discursos em defesa dos direitos das mulheres.
Impossível não citar a inserção nada discreta – e, às vezes, desavergonhada – de merchandising. As aparições de um certo refrigerante, por exemplo, roubaram a cena.
No geral, ‘Pantanal’ cumpriu a função de entreter. Uma dramaturgia com qualidade que serviu de escapismo ao telespectador em um dos momentos mais tensos da história recente do Brasil.
A Globo reencontrou seu rumo na principal faixa de ficção da TV aberta. Fala-se da ‘morte’ da telenovela há décadas, porém, entre altos e baixos, o gênero se renova e atrai audiência ainda imbatível.