O mercado de TV registrou surpreendentes demissões voluntárias nos últimos dias. A mais recente é a da repórter Natália Ariede. Ela se despediu da Globo SP, onde trabalhava desde novembro de 2006.
“Só quem vive a reportagem sabe o que a gente vê, sente, respira, sofre, vibra, o que se ganha e o que se perde nessa rotina de falta de rotina”, disse em post de despedida.
“Agradeço a todos que cruzaram meu caminho nessa jornada e me fizeram ser a pessoa que sou hoje. Cheguei menina e aqui virei gente. Virei mãe. Fiquei mais forte e chorona. Resiliente, realista, pé no chão e também mais sonhadora, otimista.”
Mãe de um menino e uma garota, Ariede deve se dedicar ao projeto Kids Por Aí. Com uma sócia, ela cria conteúdo voltado a pais em busca de programas educativos e de lazer para os filhos pequenos.
Na CNN Brasil, causou surpresa a demissão de Fabiano Falsi, diretor de jornalismo do canal. “Estou de saída após quatro anos e uns quebrados. Escrevo olhando para a redação que ajudei a construir com uma sensação de dever cumprido”, escreveu em mensagem a colegas.
Antes, ele deixou uma marca na Record de Salvador. Sob o seu comando, a emissora passou a disputar ponto a ponto da audiência com a afiliada da Globo. Segundo o Notícias da TV, o jornalista aceitou proposta para atuar na assessoria de imprensa do Governo de São Paulo.
O desligamento acontece após várias mudanças na CNN Brasil desde que o empresário João Camargo, do Grupo Esfera, assumiu a presidência com carta branca para reduzir custos e reformular a programação.
Outro nome forte da televisão, Franz Vacek também preferiu realizar uma mudança na carreira. “Foram quase 18 anos de RedeTV!. A minha trajetória na emissora se mistura com a própria história da empresa”, relatou numa rede social.
Ele começou como repórter, se tornou correspondente internacional baseado em Paris e, desde 2014, era superintendente de jornalismo. “É preciso desconstruir para se recompor (...). Gratidão pelo aprendizado, pelas desculpas não pedidas, o caráter e a honra preservados...”, postou.
Respeitado no meio e querido na redação, Vacek teria deixado o canal – que atravessa a pior crise de audiência desde a criação em 1999 – após ser ignorado ao solicitar mais investimentos na equipe.
No geral, pedidos de demissão em redações de TV, do alto comando a cargos de menor poder, têm a ver com jornadas extenuantes, pressão por melhores resultados, estrutura cada vez mais enxuta que gera sobrecarga de trabalho e salários defasados.
Trabalhar em telejornalismo exige mais do que vocação e sólida formação. Requer nervos de aço. A certa altura, após longo período de estresse, muitos se questionam: vale a pena?