Na quarta-feira (21), a primeira matéria do ‘Jornal Nacional’ promoveu a ideia de retorno imediato à sala de aula. O repórter Paulo Renato Soares ouviu especialistas em Educação e citou o pronunciamento em rádio e TV do ministro da pasta, Milton Ribeiro, exibido no dia anterior, com apelo para que o ensino presencial seja retomado em todo o País.
Jair Bolsonaro jura nunca assistir à Globo, mas se ontem deu uma espiadinha às escondidas, gostou do que viu. A reportagem de quase 7 minutos corroborou sua defesa enfática do funcionamento regular das escolas apesar de a pandemia de covid-19 ainda matar mais de mil brasileiros por dia.
O telejornal de maior audiência do Brasil (45 a 55 milhões de telespectadores a cada noite) não noticia algo positivo a respeito do presidente desde 7 de agosto de 2020. Naquela edição, a âncora Renata Vasconcellos leu trechos de posts de Bolsonaro no Twitter em solidariedade a um entregador de aplicativo de delivery vítima de racismo e humilhação em Valinhos (SP).
Foi uma publicidade positiva ao mais enfático crítico da Globo. No geral, o jornalismo da emissora não poupa o chefe do Executivo e seu governo. Bolsonaro já sinalizou a possibilidade de dificultar a renovação da concessão do canal da família Marinho (a atual autorização de funcionamento expira em 5 de outubro) e, em várias ocasiões, disparou xingamentos contra os âncoras do ‘Jornal Nacional’.
Ontem, a convergência do telejornal com o presidente durou bem pouco. A matéria seguinte, do repórter Júlio Mosquéra, denunciou a orientação passada por integrantes do Ministério da Saúde a profissionais de hospitais do Amazonas para o uso de medicamentos sem comprovação científica contra a covid-19.
Mostrou ainda imagens extraídas de uma videochamada na qual a secretária Mayra Pinheiro, apelidada ‘Capitã Cloroquina’ na imprensa, revela suposto esquema de combinação de perguntas e respostas com senadores governistas que, dias depois, participariam de seu depoimento na CPI da Covid. A repercussão nas redes sociais foi imediata.
Em dia agitado no ‘JN’, William Bonner estava ausente. O âncora e editor-chefe tirou folga de alguns dias. Em seu lugar na bancada está Helter Duarte.