Um dos assuntos mais debatidos nas redes sociais nos últimos dias foi a matéria do ‘Fantástico’ sobre TDI, o Transtorno Dissociativo de Identidade. A doença mental faz a pessoa se desdobrar em outras identidades.
Foram entrevistadas Giovanna Blasi, que diz ter 18 personalidades e se autodenomina Sistema Resiliência, e Patrícia Fagundes da Silva, com alegadas 28 personalidades e chamada de Sistema República.
Ambas viraram alvo de críticas, questionamentos e ironias nas redes sociais por quem interpretou as mudanças de comportamento delas ao longo da reportagem como atuação, fingimento ou até possessão espiritual.
Uma informação é inquestionável: o TDI existe. Segundo a matéria, o transtorno foi classificado em 1791. Já inspirou vários roteiros de filmes. Foram citados ‘As Três Faces de Eva’, ‘Sybil’ e ‘Fragmentado’.
A Globo esqueceu de mencionar uma produção própria que abordou a questão. Em 1970, a novela ‘Irmãos Coragem’, um dos maiores clássicos do gênero, mostrou o drama da professora Lara, que se transformava na sensual Diana e também na equilibrada Márcia.
O papel triplo foi interpretado por Gloria Menezes. Houve um remake em 1995, com Letícia Sabatella vivendo as três personalidades.
Na trama, após muitas dúvidas e confusões, um psiquiatra diagnostica uma lesão no cérebro de Lara, provocada por uma queda na infância e também um trauma associado à morte de uma prima. De maneira simplista, uma cirurgia ‘corrige’ o problema e ela termina a novela livre das personalidades de Diana e Márcia.
Há uma pressão nas redes sociais para que o ‘Fantástico’ retome a discussão sobre o TDI, ainda que o conteúdo exibido tenha sido esclarecedor, com o depoimento de respeitados especialistas em saúde mental.
A repórter Ana Carolina Raimundi se antecipou aos previsíveis ataques. “A gente sabe que muita gente vai duvidar do transtorno, dizer que é tudo invenção. Mas é preciso deixar claro aqui, que se uma pessoa diz ter uma doença mental, seja ela qual for, não cabe ao outro questionar. Isso é um assunto para os profissionais de saúde que atendem essa pessoa. Provavelmente, ela está em sofrimento e precisa ser acolhida, e não maltratada”, disse no fim da matéria.