Uma semana após a estreia do comercial da Volkswagen com Maria Rita e a versão digital de Elis Regina, morta há 41 anos, a controvérsia cresce e dá ainda mais visibilidade à produção criada pela agência paulistana AlmapBBDO.
O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) abriu uma ação para julgar se houve desrespeito à ética por terem ‘ressuscitado’ uma artista com o uso de tecnologia – a técnica deepfake aplicada no rosto de uma atriz – por interesse comercial.
Essa dúvida parece absurda: os filhos autorizaram, então qual o problema? Alega-se que o comercial pode causar “confusão” no público a respeito do que é realidade e conteúdo ficcional. Esse argumento frágil considera o telespectador um boboca, incapaz de distinguir uma situação básica.
Uma parte dos críticos lamenta ver a progressista Elis Regina associada a uma marca que teria apoiado a ditadura militar. A cantora jamais aceitaria ser estrela da campanha, afirmam.
Desprezam a grandiosidade da homenagem a uma voz incomparável pouco conhecida pelas novas gerações. O comercial faz a ‘galera’ das redes sociais notar o talento, a importância histórica e o peso da ausência da artista.
Polêmicas à parte, o vídeo em comemoração aos 70 anos da VW no Brasil provocou um efeito raro na publicidade da última década: emocionar as pessoas. As opiniões em postagens no Facebook, Instagram, Twitter e YouTube confirmam o impacto da mensagem.
Essa reação coletiva acontece raramente. A publicidade brasileira ainda é uma das melhores do planeta, porém, não se comunica tão facilmente com o público de TV como acontecia décadas atrás, quando os comerciais viralizavam apenas no boca a boca. A recriação de Elis Regina fez o intervalo ser mais apreciado e comentado do que a programação das emissoras.