Repercute desde a semana passada uma declaração de Pedro Bial a Rodolfo Capler no blog de Matheus Leitão na ‘Veja’.
O apresentador da Globo foi questionado a respeito do terceiro mandato de Lula. “Penso que é um governo com uma oportunidade de ouro para influir da melhor maneira na história do Brasil”, disse.
“Acredito que tem muita gente ali bem-intencionada e preparada, porém, percebo que o Lula, como líder populista caricato, continua apostando na polarização.”
Na sequência, Bial apontou que o petista comete o mesmo erro de dividir o País cometido por Jair Bolsonaro. “É como se ele não vivesse e não existisse, se não fosse em oposição ao trágico populismo que o antecedeu. Apostar na polarização é muito irresponsável.”
A rusga de Bial com Lula começou há quase dez anos. A situação veio à tona em 2021, quando o apresentador respondeu no ‘Manhattan Connection’ (exibido na época na TV Cultura) sobre qual personalidade não iria a seu programa de entrevistas na Globo.
“O Lula, ele até já disse que gostaria de fazer o programa comigo, mas aí tinha que ser ao vivo. Pode até ser ao vivo, mas aí teria que ter um polígrafo acompanhando todas as falas dele”, afirmou Bial, irônico.
Parte das redes sociais e da imprensa reagiu furiosa contra o veterano do telejornalismo. Ele foi acusado de ser desrespeitoso e arrogante ao se referir ao petista.
Em sua defesa, Bial publicou um artigo na ‘Folha de S. Paulo’. “No fim de 2005, o então presidente me recebeu no Palácio do Planalto para uma entrevista sobre o escândalo do mensalão, que àquela altura trazia a sombra do impeachment”, relembrou.
“A entrevista tocou em pontos sensíveis, como era da obrigação de entrevistador e entrevistado. Fiz perguntas incômodas, sempre de forma educada”, escreveu. “Concluída a gravação, Lula nos convidou, afável, para conversar na sala de reuniões ao lado de seu gabinete. Num papo amigável, de mais de uma hora, pediu opiniões, e as ouviu como se fossem conselhos.”
A gravação foi ao ar em 1º de janeiro de 2006 no ‘Fantástico’. No dia seguinte, o ‘Jornal Nacional’ exibiu alguns trechos. Bial revelou o desdobramento. “Oito anos depois, diante de uma claque de blogueiros governistas, Lula inventou uma versão daquele encontro no Planalto. ‘Vocês estão lembrados da agressividade do Bial quando ele foi me entrevistar no Palácio? Eu poderia ter levantado e falado: cai fora do meu gabinete! Não. Eu falei: vou mostrar para esse cidadão que educação a gente não aprende na escola, a gente aprende no berço’, disse o ex-presidente.”
Bial insistiu no desabafo. “Lula sabe muito bem que já mentiu a meu respeito. A verdade está registrada, há provas e testemunhas”, explicou. “Seus assessores André Singer e Clara Ant são testemunhas. Além deles, os diretores do Jornalismo da Globo, Carlos Schroder e Ali Kamel, também estavam presentes.”
Hoje, Lula vive uma relação de paz e amor com a Globo e GloboNews. A hostilidade do petista ficou no passado. Os telejornais dos canais da família Marinho fazem uma cobertura favorável do início de seu governo.
Pedro Bial e Lula farão um ‘acerto de contas’ diante das câmeras? Por enquanto, nenhuma entrevista foi agendada. Para o bem do jornalismo e da verdade seria relevante vê-los discutindo o passado e o presente.