A televisão vai eleger o próximo presidente, comentam marqueteiros e políticos veteranos. Há consenso de que, desta vez, o veículo será mais importante do que as redes sociais.
As equipes de audiovisual dos dois candidatos melhores colocados nas pesquisas de intenções de votos, Jair Bolsonaro e Lula, trabalham na roteirização do material a ser exibido na TV.
O horário eleitoral gratuito começará no dia 26 de agosto, uma sexta-feira, 37 dias antes do 1° turno. Os candidatos terão inserções de 30 e 60 segundos distribuídas ao longo da programação das emissoras.
Haverá um sorteio inicial que definirá o rodízio na ordem de exibição diária dos programas, para que nenhuma candidatura ou partido seja privilegiado ou se sinta prejudicado.
A maior expectativa é pela visibilidade no horário nobre da Globo, especialmente na faixa das 21h30 às 22h30, a de maior audiência do País, hoje ocupada pela novela ‘Pantanal’, no ar até outubro.
O remake tem marcado médias acima de 30 pontos na aferição da Kantar Ibope na Grande São Paulo. Este índice representa cerca de 6 milhões de telespectadores na maior região metropolitana do Brasil.
Ao projetar o alcance nacional, o folhetim rural pode atingir mais de 40 milhões de brasileiros todas as noites. Não há canal mais efetivo para falar a tanta gente ao mesmo tempo.
Nesse horário, a Record TV atrai cerca de quatro vezes menos público. O SBT fica ainda mais distante, até cinco vezes atrás. Duramente atacada e ameaçada tanto por Bolsonaro (com a suposta suspensão das concessões) como por Lula (via projeto de regulação de mídia), a Globo tem um colossal poder de influência na eleição.
As cúpulas das candidaturas presidenciais acreditam que as inserções nos intervalos de ‘Pantanal’ terão potencial de atrair a atenção de dois grupos imprescindíveis para determinar o resultado das urnas: as mulheres e os indecisos.
A novela das onças, sucuris e dos marruás também oferece acesso privilegiado ao público masculino – trata-se da trama mais vista por homens desde ‘Avenida Brasil’, de 2012.
Antigamente, com o horário eleitoral noturno concentrado em blocos (no caso da Globo, entre o ‘Jornal Nacional’ e a novela das 21h), muitas pessoas desligavam a TV para não assistir ao blá-blá-blá dos políticos. Com as inserções espalhadas pela programação, essa rejeição não acontece.
Em resumo, um programete de 1 minuto no horário de ‘Pantanal’ pode gerar mais votos do que conseguiriam centenas de posts em uma rede social. A televisão ainda é o cabo eleitoral mais eficiente.
A propaganda política gratuita seguirá até 29 de setembro. Em caso de 2° turno, a transmissão irá acontecer entre 7 e 28 de outubro. O esquema de exibição muda: os presidenciáveis vão aparecer na TV em dois blocos diários de 10 minutos cada.