Desde o fim de 2020, o ‘Jornal Nacional’ estava sem patrocinador oficial. A empresa de crédito Crefisa não renovou o contrato para aparecer na vinheta de oferecimento, na abertura e no encerramento do telejornal.
Neste ano, o custo mensal para a marca seria de R$ 15 milhões, de acordo com o mercado publicitário. Cinco meses depois, o ‘JN’ ganhou novo patrocínio que está dando o que falar.
O app chinês de vídeos TikTok passou a anunciar o telejornal de maior audiência do País, com 50 milhões de telespectadores toda noite. A ação estimula o público a baixar o aplicativo, produzir conteúdo e ganhar dinheiro com isso.
A presença da plataforma causou estranhamento por se tratar de um produto digital focado em jovens abaixo de 20 anos, longe do perfil médio de quem vê assiduamente o principal jornalístico da Globo.
Conclui-se que o TikTok quer atingir outras faixas etárias e se popularizar ainda mais. Até pouco tempo, o app crescia basicamente pela repercussão produzida por quem o usa e pelo espaço na imprensa aos tiktokers que viraram celebridades.
Para a ação milionária no ‘JN’, a empresa escalou três famosos. A principal garota-propaganda é a atriz e apresentadora Carolina Ferraz, 53 anos, atualmente no comando do ‘Domingo Espetacular’, da Record TV, grande rival da Globo.
No comercial, a artista berra o bordão “TikTôRyka”, em referência ao meme “Eu sou riiicaaa!”, criado a partir de fala de sua personagem Norma, da novela das 19h ‘Beleza Pura’, exibida na emissora carioca em 2008.
Ironicamente, Carolina Ferraz voltou a chamar atenção no horário nobre da Globo 4 anos após não ter tido o contrato renovado. Ela trabalhou 25 anos na teledramaturgia do canal. O rompimento a fez acionar a Justiça do Trabalho para requerer indenização milionária.
Os outros rostos da primeira grande campanha do TikTok no Brasil são o da ex-‘BBB21’ Camilla de Lucas, que já era influenciadora digital antes de se consagrar segunda colocada no reality show, e o do cantor Léo Santana.
Por enquanto, os âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos não têm conta verificada na rede social de vídeos engraçados. Há vários perfis fakes de ambos. No momento, eles são usuários ativos apenas do Instagram.
Após quase dois anos sem postar, o apresentador voltou animado. Faz lives quase diariamente. Mostra os bastidores da redação do ‘Jornal Nacional’ e momentos da vida com a mulher, a fisioterapeuta Natasha Dantas.
Reservada, a jornalista prefere compartilhar fotos de paisagens, objetos decorativos, flores e animais de estimação. Não será surpresa se, em breve, Bonner e Renata se renderem à febre TikTok. Teriam coragem de fazer as dancinhas populares no app?
O TikTok revela o talento de anônimos para o humor em ‘trends’ (formatos efêmeros) que viralizam. Há dose generosa de autodeboche e desconstrução de estereótipos. Existem, obviamente, algumas inadequações, como sexualização exagerada em alguns vídeos. Não existe rede social perfeita.
O app criado pela empresa chinesa ByteDance em 2016 faz sucesso merecido por não ter a politização chata vista no Facebook e a glamourização irreal cultuada no Instagram. Ali no universo das produções caseiras rápidas, quanto mais tosco e irreverente, melhor.
Tomara que continue assim, sem perder a essência. Assistir aos que sabem rir de si mesmo é um delicioso remédio contra o tédio nesses tempos pandêmicos.