Na mais acirrada e radicalizada eleição desde a redemocratização do Brasil, há 33 anos, a maioria dos brasileiros jura não assistir ao horário político exibido na TV duas vezes por dia, de segunda a sábado.
Mas os índices de Ibope mostram o contrário: o blábláblá dos candidatos gera audiência relevante.
O telespectador pode até não prestar atenção na propaganda eleitoral, porém deixa a TV ligada durante a transmissão.
Na segunda-feira passada, 24 de setembro, por exemplo, a faixa noturna dos programas eleitorais, das 20h30 às 20h55, atingiu média de 23.9 pontos na Globo. Esse número representa 4,7 milhões de telespectadores na Grande São Paulo, principal região de aferição de audiência do País.
Naquele dia, o horário político teve praticamente o mesmo público do último capítulo da novela das 18h Orgulho e Paixão (24.1).
No SBT, as promessas eleitorais à noite geraram 8.2 pontos, bem acima dos 5.7 do principal telejornal da emissora, o SBT Brasil.
A faixa noturna de propaganda partidária na RecordTV marcou 7.7 pontos, um ponto atrás da novela Jesus e à frente do Jornal da Record (6.3).
Esses resultados positivos de público acontecem desde 31 de agosto, quando começou o falatório dos candidatos.
É possível afirmar que muita gente mantém o aparelho ligado à espera do retorno da programação normal.
Enquanto isso, acessa a internet pelo celular ou computador, ou faz alguma atividade doméstica, enquanto acontece a caça aos votos pela TV.
Apesar da expressiva audiência da propaganda eleitoral, os dois presidenciáveis com mais tempo no horário político – Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT) – não conseguiram, até aqui, alcançar o líder nas pesquisas de intenção de votos, Jair Bolsonaro (PSL), que dispõe de apenas 8 segundos de visibilidade a cada bloco.
Isso comprova que, nesta eleição, a poderosa TV ganhou um concorrente vigoroso: a polarização ideológica entre esquerda e direita.
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