Nos últimos dias, um dos assuntos mais comentados nas redes sociais foi a nudez de João Guilherme em uma cena de sexo em ‘Da Ponte Pra Lá’, nova série original da Max.
A sequência merece elogios pela construção estética e a beleza dos atores envolvidos, mas a produção vai além disso: propõe uma reflexão a respeito dos universos paralelos entre a elite econômica (majoritariamente branca) e os pobres periféricos (predominantemente pretos) na cidade de São Paulo.
Essa realidade pouco discutida, apesar de gritante aos olhos de quem vive na metrópole, está inserida na trama sobre as delícias e angústias da juventude e também no mistério suscitado por uma morte.
Em conversa com o Sala de TV, a criadora e roteirista Thais Falcão destaca ainda a diversidade racial e de gênero do elenco.
Quais foram as inspirações e como aconteceu a pesquisa para escrever a série?
A criação surgiu de uma provocação feita pela maravilhosa Elisabetta Zenatti, que era CEO da Produtora Floresta à época. Ela é italiana, mas mora há muitos anos em São Paulo, e numa das nossas conversas ela disse que sempre se impressionou pelo abismo invisível que existe em São Paulo, uma mesma cidade que abriga bilionários e pessoas que vivem com menos de um salário mínimo. Essa realidade é mesmo chocante e nunca tinha sido retratada por esse ponto de vista. A partir disso, Erick Andrade – meu parceiro de criação – e eu começamos a pesquisar profundamente sobre o assunto. Paralelamente, eu sempre quis fazer alguma coisa com batalha de rima. Lá em 2009, quando ainda estava na faculdade (de Rádio e TV), alguns amigos e eu produzimos um documentário com o Emicida como personagem principal. Na época, ele tinha gravado seu primeiro EP e sua fama ainda se restringia ao universo das batalhas de São Paulo. Juntei a vivência que tive ao fazer esse doc ao nosso universo e, a partir daí, começamos a desenvolver personagens, plot e por aí foi. Durante o desenvolvimento da série tivemos também a colaboração de dois jovens, Patrick Andrade e Aida Mourabet, cada um vindo de um lado desse “abismo”. Essa vivência foi uma explosão de ideias e cores reais para a história que estávamos criando. Foi um processo muito vivo, muito colaborativo.
Questões sociais estão inseridas no entretenimento proposto pela série. Acredita em transformação a partir do audiovisual?
Eu acredito nessa transformação, mas acho que é uma meta muito difícil e subjetiva para alcançar. Por isso, toda vez que escrevo penso na identificação. Quero que as pessoas se vejam na tela, identifiquem nos meus personagens dores, dilemas, alegrias... Acredito que essa é a melhor ferramenta para chegar perto da transformação.
Qual a importância de ter atores negros e um artista trans no elenco principal? Acredita que essa diversidade se tornou obrigatória em toda produção?
Não é só importante, é fundamental. Ainda falando de identificação, como posso pensar em contar uma história em que as pessoas se relacionem com os personagens se não tivermos uma equipe que reflita essa diversidade? Isso fica ainda mais latente quando falamos das temáticas retratadas nessa série. Entre a criação e a exibição tem um processo gigante no meio do caminho e, cada pessoa que entra para a equipe está ali como profissional, mas também traz um pouco de si para a narrativa.
A vice-presidente de Conteúdo da Warner Bros. Discovery Brasil, Monica Pimentel, respondeu ao Terra sobre o desafio da plataforma Max de conquistar mais público no país.
“Estamos em um momento muito emblemático para o streaming, pois estamos falando da consolidação não só de um novo mercado do entretenimento, mas também de uma nova forma cultural de consumo, uma mudança de como a sociedade pensa o entretenimento e lazer”, explica.
“Na WBD, estamos sempre revendo nossa estratégia para que ele chegue da melhor maneira ao consumidor, seja pelo lado do conteúdo, criando produções de alta qualidade e relevância para o nosso público; ou pelo benefício do nosso ecossistema robusto, que permite uma estratégia multiplataforma e 360º de divulgação e distribuição.”