Alguns coadjuvantes da novela das 21h da Globo, ‘O Outro Lado do Paraíso’, se destacam pelo inusitado em seu perfil.
Desireé (Priscila Assum), uma das garotas do bordel de Pedra Santa, permite ser humilhada em público pelo garimpeiro Xodó.
Com pinta de galã, o rapaz rústico, interpretado pelo ator e ex-Mister Brasil Anderson Tomazini, sente prazer sádico em desprezar a prostituta apaixonada.
Chega a exigir de Desireé que ela pague para tê-lo em seus braços. Numa cena, a moça oferece cédulas de dinheiro amassadas enquanto ouve de Xodó que aquela quantia é insuficiente – e vira alvo do deboche de outros peões do garimpo.
Em outra sequência, a prostituta sofredora dá 50% de desconto no programa ao tentar levar o garimpeiro galã para a cama. Mas o brucutu prefere outra, sem se importar em ferir o sentimento dela.
Ainda que insensível, Xodó apresenta uma característica curiosa: romantismo represado. Sempre que uma meretriz avança para beijá-lo na boca, ele se esquiva e avisa: só beija quando está apaixonado.
Já Rato (Cesar Ferrario) não quer parar de beijar Leandra (Mayana Neiva), gerente do bordel. O capanga até propõe casamento. “Quando eu gosto, quero para mim”, diz, após um programa com a bela prostituta.
Mas ela é outra personagem fora da curva nesse poético universo marginal criado pelo autor Walcyr Carrasco. Leandra tem um noivo misterioso que desconhece sua atividade ‘na vida’ e alimenta o sonho de casar, ter filhos, ser esposa e mãe exemplar.
Diferentemente da inesquecível Casa da Luz Vermelha, de ‘Tieta’, onde raparigas e clientes exalavam alegria dia e noite, no bordel de Pedra Santa predominam a tristeza e a ilusão – ou melhor, desilusão.
A mensagem parece ser: o prazer é bom, mas não substitui o amor. E quase todo amor faz sofrer. Assim como a falta dele também.
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