Trabalhar na TV Globo é sempre uma maravilha para quem entra, porém, a saída pode ter sabor amargo. O sonho, às vezes, acaba em frustração.
Nos últimos anos, vários repórteres veteranos se demitiram. Ainda causa surpresa que um jornalista não queira continuar na mais vista e poderosa emissora do País.
A mais recente a entregar o crachá foi Elaine Bast, após 23 anos de reportagem. Despediu-se do canal uma semana depois da colega Michelle Barros, 12 anos de casa, que também se demitiu.
Por que tanta insatisfação?
Estagnação - A reportagem de rua é a grande escola do jornalista de TV. Mas os perrengues do dia a dia nas gravações de matérias e nos links (entradas ao vivo) geram intenso estresse. Com o tempo, todos desejam um posto mais tranquilo, no estúdio, seja como apresentador de um quadro ou âncora titular de telejornal. A concorrência é numerosa e poucos conseguem. Elaine e Michelle, por exemplo, ficaram anos na fila, à espera do reconhecimento pelos serviços prestados. Frustradas, saíram para buscar a realização em outro lugar.
Sob pressão - O clima atrás das câmeras não é tranquilo. A carga de trabalho e a cobrança por resultado mexem com a saúde mental. Os apresentadores são avaliados pela audiência. Os repórteres estão sempre correndo contra o relógio para entregar o material e, frequentemente, ainda enfrentam provocações e ameaças na rua, da parte dos anônimos que detestam o jornalismo da Globo.
Contracheque – Ilude-se quem acredita que a Globo, por ser a TV mais rica, paga os salários mais altos. Canais concorrentes têm jornalistas ganhando bem mais. Há quem prefira o status de ser global, enquanto outros pensam no bolso e se transferem para emissoras rivais ou vão para o mercado corporativo.
Reinvenção – Há vida fora da Globo. Antigamente, não havia muitas opções de trabalho. Hoje, o jornalista pode ser dono do próprio negócio na internet. Passa a ser criador de conteúdo e fatura bem mais do que o salário na TV, com posts patrocinados e material produzido para empresas, por exemplo. O empreendedorismo está em alta entre os profissionais de comunicação.