A guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas deu visibilidade à jornalista Paola de Orte. Desde 2021, ela trabalha sozinha para a GloboNews a partir de Tel Aviv.
No sábado (7), pouco depois dos primeiros ataques, já estava ao vivo no canal de notícias. Nos dias seguintes, passou a fazer várias entradas e também gravações de matérias. Ela própria faz a função de cinegrafista.
Sem correspondente em Israel, a Globo aproveitou o material gerado por Paola para a cobertura do conflito no ‘Jornal Nacional’ e em outros telejornais da emissora. A repórter também esteve em Jerusalém, cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos.
No X (antigo Twitter), a correspondente foi questionada por vários usuários que enxergaram um viés pró-Israel em seu trabalho para a TV. Paola fez um post para se posicionar.
“Só quero lembrar aos que aqui comentam: sim, já fui a Gaza, já fiz reportagens de Gaza, vou a Cisjordânia sempre, já estive muitas vezes em muitas cidades palestinas”, escreveu.
“Ninguém tem obrigação de saber tudo sobre meu trabalho, mas, agora que está aqui, convido a seguir e acompanhar.”
Em outra postagem, a jornalista destacou a simpatia que os dois lados da guerra têm pelo nosso país.
“Cobrir uma guerra como esta é ouvir sempre a pergunta: “de onde você é?” com olhar de desconfiança e ansiedade de quem faz”, relatou.
“Responder ‘Brasil’ sempre tem a mesma reação: um sorriso de alívio e o comentário ‘O Brasil está do nosso lado’. Tanto de israelenses quanto de palestinos.”
Paola de Orte se graduou em Comunicação na Universidade Federal do Paraná. Em uma entrevista concedida à Rede Teia em 2020, disse ter feito Mestrado em Relações Internacionais com a intenção de ser correspondente no exterior.
Em Brasília, trabalhou para a EBC, empresa estatal de Comunicação. Uma de suas funções foi a de repórter da TV Brasil. Enviada a Washington, cobriu a Casa Branca, viajou a Nova York para acompanhar a Assembleia Geral da ONU e mostrou visitas do então presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos.
Depois passou a atuar como jornalista independente, prestando serviços à TV Globo Internacional e outros veículos do grupo.
Paola contou já ter sido hostilizada ao fazer seu trabalho. “Aconteceu de estar no meio de uma cobertura, principalmente de visita presidencial, e escutar palavras muito feias.”
Ela explica que a maioria das pessoas acredita que o jornalista tem um lado. “Meu objetivo é sempre ouvir o que a pessoa tem a dizer.”
A correspondente refuta os insultos misóginos e machistas contra as profissionais de mídia. “Essas pessoas que fazem os ataques têm a visão errônea de que nós, mulheres, vamos nos intimidar.”