Infelizmente, há quem use um momento dramático para manifestar ódio político. “Globo lixo e fora Lula”, gritou um entrevistado ao vivo na CNN Brasil.
“Vocês que são da Globo não prestam”, disse outro homem, atrapalhando o trabalho do repórter Arildo Palermo, da RBS, afiliada da rede carioca no Rio Grande do Sul.
“Cadê a Globo dentro d’água?”, questionou um cidadão a William Bonner. “Por que a Globo só veio agora gravar?” O âncora do ‘Jornal Nacional’ preferiu ignorar a provocação.
O papel de uma emissora de TV não é fazer buscas por ilhados e sobreviventes. Os jornalistas não são treinados para atuar em operação de salvamento. São mais úteis com o microfone em mãos.
Cabe a eles apurar e transmitir informações corretas que podem ajudar o plano de ação do governo local, orientar a população em risco e incentivar doações de todas as partes do país.
Juntas, a Globo e a GloboNews divulgam várias vezes ao dia os meios confiáveis para o público ajudar os gaúchos. A mensagem atinge pelo menos 50 milhões de brasileiros.
Imagine a quantidade de pessoas que, a partir do que assistiram nas duas emissoras, já fizeram Pix para o ‘SOS Rio Grande do Sul’ e enviaram itens essenciais a quem perdeu tudo.
Se, de repente, todos os canais de TV parassem a cobertura do desastre climático para falar de outros assuntos, a onda de solidariedade seria demasiadamente reduzida. O auxílio ao povo afetado demoraria ainda mais.
Entretanto, um pequeno número prefere intimidar jornalistas a reconhecer a importância da mídia em uma catástrofe. Compreende-se a revolta de quem perdeu parentes e amigos, viu a casa inundada, procura desaparecidos e não sabe como vai retomar a vida.
Mas a fúria está sendo direcionada ao alvo errado. Nenhum canal é culpado pela falta de prevenção que resultou na tragédia e de um protocolo efetivo de reação ao desastre climático.
Os revoltados contra a Globo deveriam politizar a questão de maneira correta: cobrar as autoridades eleitas que precisam responder pelo que não foi feito para evitar essa calamidade anunciada.
Entre os apresentadores e repórteres globais no RS há gaúchos com familiares atingidos pelos alagamentos. Mesmo abalados, eles cumprem sua missão profissional. Merecem ainda mais o nosso respeito.