Faltam 10 meses para expirar a atual concessão da TV Globo, concedida pelo ex-presidente Lula em 2008. Jair Bolsonaro ainda não anunciou sua decisão sobre o tema. Em várias ocasiões, ele sinalizou a possibilidade de não assinar a renovação.
Em setembro de 2020, ao ser entrevistado no ‘Roda Viva’, da TV Cultura, o ex-vice presidente da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, comentou a cruzada pessoal do presidente contra o principal canal da família Marinho.
“Não acho possível cassar a TV Globo pela penetração que ela tem, o respeito que as pessoas têm pela Globo, o serviço que prestou ao Brasil”, argumentou.
“(A cassação) seria pior que uma revolução. Quem tentasse cassar a TV Globo, na realidade, estaria jogando para perder. Seria um desastre total”, disse. “Não se pode punir a competência, não se pode punir a verdade, então não se pode punir a TV Globo.”
Considerado o maior especialista em televisão do País, Boni relembrou dois casos extremos contra TVs no Brasil. “Cassação de televisão só aconteceu durante a ditadura. Aconteceu com a Excelsior, por questões políticas, e a Tupi, por processo de falência comercial”, relembrou.
A TV Excelsior foi cassada em setembro de 1970, no governo do general Médici. Dona do canal, a família Simonsen era defensora da democracia e teve atritos com os militares que comandavam o País. Em julho de 1980, sob a presidência do general Figueiredo, a TV Tupi foi fechada pelo Estado após longa crise financeira.
Boni trabalhou na Globo de 1967 a 1997. Homem de confiança de Roberto Marinho, ocupou a vice-presidência de Operações. Foi um dos criadores do ‘padrão Globo de qualidade’.
Entre 1998 e 2001, ele atuou como consultor da emissora. Hoje, ao lado dos filhos (entre eles Boninho, diretor-geral do ‘BBBB’ e de outros programas), o veterano comanda a TV Vanguarda, afiliada da Globo no interior paulista.