A classe artística é quase unânime: o público de teatro está cada vez menor.
Será que as pessoas perderam o interesse pela milenar arte de retratar a vida e a humanidade? Afinal, o teatro morreu?
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A dupla interpreta mais de 30 personagens lendários do teatro universal. As citações vão do clássico shakespeariano Romeu e Julieta até o musical A Pequena Sereia, da Disney.
Ainda que seja uma referência de comediante, Médici também já fez drama e sua formação profissionalizante foi com o aclamado (e temido) diretor Antunes Filho.
O ator, lembrado pela atuação em novelas como Belíssima, Passione e Haja Coração, conversou com o blog a respeito do novo espetáculo, Teatro Para Quem Não Gosta.
A tão comentada crise de público no teatro acontece há muito tempo. Você acha que é apenas uma questão cultural?
O teatro passou por muitas crises mundiais, já foi até proibido! Agora, no Brasil, é mais uma vítima da crise financeira que assola o País. Vejo que existe um deslumbre com as novas plataformas, a nova forma de assistir à TV, e claro, a internet. Mas o teatro sobreviveu ao rádio, ao cinema, à TV, à TV em cores, à TV a cabo e certamente vai sobreviver à internet. Nenhum holograma vai superar a troca de energia que ocorre no teatro.
O brasileiro gosta apenas de comédia rasgada?
Dizer isso seria subestimar a inteligência do público. Eu diria que o espectador brasileiro gosta de teatro bem-feito, seja drama, comédia ou teatro musical.
O humor no teatro serve como antídoto contra a desesperança que tomou conta do País?
Acredito que o humor no teatro tenha diversas funções. Pode criticar, retratar, questionar e até contar nossa história.
Dos vários personagens que interpreta em Teatro Para Quem Não Gosta, quais destaca?
Tenho um carinho grande pela criança endiabrada que faço na cena sobre o teatro infantil, e pela Dama das Camélias interpretada pelo Ricardo Rathsam (risos), acho hilária!
São trinta anos de carreira, nos quais você construiu público próprio sem precisar tanto da TV. Qual sua avaliação?
Vou contar uma história rápida… Queria ser ator desde criança, antes de entender exatamente o que era essa profissão. Quando comecei a fazer teatro, morria de vontade de ir para a TV, mas só comecei na TV doze anos depois de subir ao palco, que sempre me recebeu muito bem. Sendo assim, casei com o teatro, e tenho nele uma relação mais estável. A TV é uma empresa, o teatro é minha casa.
Qual a fórmula de sucesso da longa parceria com Ricardo Rathsam?
Respeito, admiração, confiança. Temos olhares diferentes sobre tudo, mas são complementares.
Você se sente realizado na teledramaturgia?
Dado o tempo de carreira, fiz programas humorísticos (A Praça é Nossa, Junto & Misturado, Vai Que Cola), novelas e minisséries. Fui muito feliz em quase todos os trabalhos, e amo fazer comédia, mas gostaria de fazer um vilãozão um dia (risos).
Teatro para Quem Não Gosta
Teatro FAAP - Rua Alagoas, 903, Higienópolis - São Paulo (SP).
Quintas às 21h (Duração: 90 minutos).
Informações: (11) 3662-7233.
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