Antes mesmo de ser confirmada no 'BBB22', Jade Picon foi alvo de piada nas redes sociais. Cotada para edição, alguns fãs do reality a consideravam "rica demais" para participar do programa, que convida famosos desde a edição de 2020.
Apesar de toda a sátira em torno da participação da influenciadora digital, o movimento levantou uma questão a ser discutida: afinal, por que famosos continuam se submetendo a experiências como o reality show?
Após uma edição marcada por cancelamentos e recorde de rejeição em toda a história do programa, como a de 2021, dizer “sim” a Boninho não parece ser uma escolha tão viável para quem já acumula volumoso patrimônio financeiro. Bom, só parece.
Para Renan Colombo, doutor em ciências da informação e especialista em mídias digitais, existe uma tríade de argumentos que justifica o interesse dos famosos no reality. O primeiro deles é que as celebridades que aceitam o convite não são necessariamente consagradas. Geralmente, são pessoas que têm fama reduzida a nichos e bolhas.
"Se a gente pegar a edição de 2020, por exemplo, o Babu era um ator que fez filmes nacionais, mas não tinha uma carreira consolidada; Manu Gavassi, já era cantora, mas tinha uma conexão enfraquecida com os jovens. A própria Karol Conká era mais conhecida só no universo rapper. De certa maneira, se não fosse a internet, possivelmente muitas dessas pessoas, como a Jade Picon, nem seriam conhecidas a ponto de serem convidada para o que chamamos de 'camarote'", avalia.
A legitimação da fama
O segundo motivo que pode justificar a ida de pessoas já conhecidas ao reality, de acordo com o especialista, é a legitimação da fama. Geralmente famosas na internet, essas celebridades procuram a televisão, meio de comunicação tradicional e consolidado, para que possam conversar com outros públicos. Com isso, ganham admiradores em escala nacional e expandem sua presença onde já possuem considerável força - nas redes sociais.
Colombo explica que ganha mais quem consegue circular entre todas as mídias. A consequência desse movimento leva ao terceiro ponto dessa tríade, o engajamento. Transitar entre diferentes formatos é plantar popularidade e colher poder a curto e médio prazo.
"Ter seguidores nas mídias hoje é sinônimo de poderio financeiro. Se você tem um perfil no Instagram com um milhão de fãs, por exemplo, você já pode ser considerado um influenciador relevante e já tem possibilidade de conduzir uma carreira e converter isso em renda", acrescenta.
O prêmio se torna quase nada
A especialista em redes sociais Adriana Coutinho, CEO da Acout+ e administradora das redes sociais da cantora Pocah durante o 'BBB21', avalia que a visibilidade dada pelo programa tem mais valor do que o próprio prêmio de R$ 1,5 milhão oferecido ao vencedor. Para ela, o prêmio se torna pequeno perto das chances de crescimento exponencial do engajamento com o alcance nacional.
"O número de seguidores e comentários aumentam, e os convites e valores dos trabalhos, também", acrescenta.
Adriana, por outro lado, chama a atenção para a "inocência" dos famosos. "Todo mundo tem atitudes e posturas que não agradam, mas eles pensam que o que aconteceu com Karol Conká não acontecerá com eles", afirma.
Para quem não lembra, a rapper foi a quarta eliminada do 'BBB21' com 99,17% dos votos, em um paredão triplo contra Gilberto Nogueira e Arthur Picoli.