BBB23: Globo omite feito histórico e desdenha de participantes

A opção vergonhosa deixou bem claro o tom empregado pela produção do BBB23 ao longo de todo o programa

26 abr 2023 - 01h36
(atualizado às 07h37)
Foto: Divulgação/Globo / Pipoca Moderna

Pela primeira vez na história, quatro mulheres chegaram ao Top 4 de um BBB. Quatro amigas, ainda por cima, fazendo demonstração de sororidade durante semanas seguidas na tela da Globoplay.

O feito foi tão impactante que acabou exaltado até num Twitter oficial do "Big Brother" americano.

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Mas e a Globo? A emissora parece ter ficado desgostosa com isso, pois a façanha histórica foi simplesmente ignorada em suas redes sociais e até mesmo na retrospectiva da temporada, apresentada na noite de terça (25/5) como "esquenta" para a vitória de Amanda Meirelles.

Mais que omissão, os produtores decidiram transformar a consagração da vitória num ataque às finalistas, sem uma VT de exaltação, nem menção de sororidade ou do feito das Desérticas, preferindo tratá-las com desdém e piadinhas maliciosas.

A opção vergonhosa deixou bem claro o tom empregado pela produção do BBB23 ao longo de todo o programa.

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Obcecada em fazer com que o tema da edição fosse sobre a questão racial, os funcionários de Boninho pouco valorizaram a sororidade ou as críticas ao machismo dos confinados. Os produtores, redatores e editores tentaram a todo custo sabotar a trajetória vitoriosa das desérticas e, inconformados com a conquista de Amanda Meirelles e suas parceiras, optaram por ridicularizar suas trajetórias, escondendo que elas fizeram o que ninguém tinha conseguido antes - e sem trair suas amizades.

Na prática, o capítulo final foi uma homenagem aos perdedores, além de um esforço assumido - com vídeos e piadas - para desmerecer a conquista desértica e principalmente a ignorada Larissa Santos, maior jogadora da edição, que juntou as sisters e incendiou as torcidas com seu retorno, formando a união que acabou com o Fundo do Mar, numa estratégia certeira de qual peça eliminar por vez, até na escolha de levar Ricardo Alface até o Top 5.

Os produtores fizeram uma belíssima montagem sobre a questão racial, carregada de frases importantes e emocionantes. Então, porque não quiseram fazer o mesmo sobre a força das mulheres? A pauta do empoderamento só serve quando é conveniente?

Os funcionários da emissora devem e podem mesmo se orgulhar de se posicionar de forma clara e militante contra o preconceito racial. Mas também merecem se envergonhar de passar pano para o machismo, calar mulheres com uma edição de imagens mal-intencionada e minimizar a conquista feminina com sabotagem até o fim. Até o apresentador Tadeu Schmidt pareceu pisar em ovos para cumprir sua missão de exaltar as três finalistas, como se fosse ficar malvisto entre os produtores.

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Só que os últimos segundos do BBB23 foram com Amanda, Bruna Griphao, Larissa, Aline Wirley e Tina Calamba, cinco mulheres completamente diferentes - duas delas negras - , pulando e gritando "Desérticas", uma sororidade que também podia ensinar muito ao Brasil, como o apresentador Tadeu Schmidt comentou sobre o VT racial.

Por mais que insista, não tem como esconder, dona Globo: este BBB foi das mulheres. Um "BBB", é bom lembrar, que teve relacionamento tóxico e expulsões por importunação sexual. Se nem assim valorizaram… Dá até medo pensar no que mais precisaria acontecer para que os produtores percebessem a importância de enaltecer a conquista feminina na edição, principalmente nesta edição.

Vai ser essa vergonha machista de novo no "BBB 24", Boninho?

Pipoca Moderna
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