Não podemos ignorar o que aconteceu no episódio de quinta-feira (12) de ‘No Limite’. Kamyla Romaniuk recebeu votos até de quem dizia ser seu aliado na competição.
Ninguém teve coragem de verbalizar o motivo, mas ficou explícito nas intenções: a biomédica foi eliminada pelos colegas da Tribo Lua por conta de seu peso.
Em uma conversa cifrada, alguns participantes concluíram que deveria deixar o programa quem não fosse “eficaz” nas provas que exigem força e agilidade.
Para bom entendedor, meia palavra basta. Pessoas com sobrepeso ou obesidade sempre são subestimadas em circunstâncias que teoricamente corpos magros ou atléticos teriam vantagem.
“Tribo Lua tão preocupada com a força física e tirando as cabeças pensantes”, reclamou um seguidor do perfil de Instagram da participante.
A discriminação (mal) disfarçada contra Kamyla lembrou o ocorrido na primeira edição de ‘No Limite’, no ano 2000.
A cabeleireira Elaine Melo, com biotipo semelhante ao da biomédica, sofreu gordofobia dos próprios colegas de reality show: de piadas a broncas pela performance – e o indisfarçável descrédito a respeito da capacidade física.
Na última prova, a paulistana se abalou com as risadas debochadas de um homem que acompanhava a gravação. O indivíduo, assim como boa parte do público e da imprensa, duvidava que ela derrotaria a outra finalista, Pipa Diniz, mais jovem e magra.
Contra tudo e todos, Elaine venceu. Voltou para casa com os prêmios e 12 kg a menos. Tornou-se um exemplo de superação em uma época em que o termo gordofobia nem era usado.
A inegável rejeição sofrida por Kamyla na edição atual suscita recordação de outra situação. No ‘BBB22’, o cantor Tiago Abravanel ‘sobrou’ ao não ser escolhido por ninguém para formar dupla em uma dinâmica de resistência que valia a liderança.
Nem seu aliado Arthur Aguiar o procurou. “Comecei a pensar: será que ele não me escolheu por que eu sou gordo e ele achou que eu não iria aguentar a prova?”, questionou o artista, abalado com a exclusão.
Em uma rede social, após a exibição de sua saída de ‘No Limite’, Kamyla Romaniuk agradeceu as manifestações de apoio e afirmou que participar da competição na Globo a deixou mais forte.
Um trecho do post: “Trago tatuado na pele uma música que diz: ‘deixa de lado todo peso de andar, voa!’ E eu voei, junto com cada energia positiva de vocês”.