A gerente comercial Michele Crispim superou a própria insegurança e venceu a favorita, a assessora de investimentos Deborah Werneck, no duelo pelo troféu do ‘MasterChef Brasil 4’.
O menu autoral campeão teve tutano servido no osso, cupim com pupunha e sobremesa de abacaxi com tapioca. As pequenas falhas não comprometeram o paladar dos jurados Paola Carosella, Henrique Fogaça e Erick Jacquin.
Se fosse uma novela, o talent show da Band teria Michele no papel da mocinha tímida e frágil, sem a certeza do final feliz no último capítulo.
Já Deborah poderia ser uma quase vilã, não pela prática de maldades, e sim devido ao excesso de autoestima, espírito altamente competidor e humor ácido – características nada deploráveis, porém malvistas pela maioria dos brasileiros.
O episódio que encerrou mais uma bem-sucedida temporada da competição foi preparado com os ingredientes de uma receita saborosa.
Houve imprevistos na execução dos pratos, lágrimas (de nervosismo e comoção) das competidoras e da apresentadora Ana Paula Padrão e até eliminado com estrelismo no mezanino.
Não faltou nem a já tradicional ação de merchandising inserida no contexto da trama: a vitória foi anunciada por um toque de celular, para promover a operadora que patrocina o show.
Os fanáticos pelo formato da Endemol Shine Brasil podem ter acordado nesta quarta-feira com sintomas de crise de abstinência. Contudo, a larica vai durar pouco: dia 5 começa a segunda edição com cozinheiros profissionais.
Qual a grande novidade dessa próxima temporada? Nenhuma – e aí está o poder fascinante do ‘MasterChef’: a atração se desenvolve de maneira previsível, porém consegue envolver e entreter o telespectador como se fosse uma receita surpreendentemente inédita.
É como um bom folhetim, capaz de suscitar diferentes sentimentos no público: alegria, emoção, expectativa, revolta. Sempre com sabor refrescante. Assim, funciona como eficiente escapismo para amenizar o amargor do dia a dia.
Com produção, edição e direção primorosas, o programa transpõe a frieza da tela da TV para proporcionar uma experiência quase sensorial ao telespectador. Nas palavras de Fogaça, “comida é beleza, arte, prazer. O barato é louco”.
O ‘MasterChef Brasil’ consegue outra proeza: levar a Band, quarta emissora no ranking de audiência, a superar eventualmente a toda poderosa Globo no Ibope e liderar a mobilização nas redes sociais brasileiras.
Por quanto tempo a atração vai se manter assim tão apetitosa? Impossível prever. Por enquanto, o menu degustação continua irresistível. A gente não quer que essa novela gastronômica termine tão cedo.