"Mal vejo a hora de começar a me alienar com BBB" e "Assistir BBB? Desculpa! Prefiro abrir um livro" são frases comuns que surgem com a estreia de cada edição do reality. Porém, apesar de ter como principal objetivo entreter, o programa também carrega lições e aprendizados —tanto para os espectadores, quanto para quem prefere não acompanhar.
Ao longo de suas 25 edições, o BBB reuniu na famosa "casa mais vigiada do Brasil" uma espécie de miniatura da sociedade. Não é atoa que, diariamente, surgem discussões sobre atitudes e problemas na convivência em conversas, redes sociais e até mesmo em outros programas.
"Muitas coisas interessantes sobre relações humanas e pautas aparecem em cada temporada do programa. Além disso, discussões importantíssimas ocorrem ao longo dos 100 dias [de exibição] e se tornam assunto", explica Felipe Lopes, professor de cinema e audiovisual da ESPM, à CARAS Brasil.
Assuntos como machismo, racismo, LGBTfobia, reciclagem e consumo da água são apenas alguns que viraram debate fora do programa. No BBB 23, por exemplo, o médico Fred Nicácio (37) levantou o debate sobre intolerância religiosa; já na 24ª edição, a dançarina Isabelle Nogueira (32) despertou o interesse de grande parte do Brasil pelo Festival Folclórico de Parintins.
"Em 2005, o BBB 5 trouxe a homofobia sofrida pelo Jean Wyllys como pauta, e isso fez o país abraçar o participante e fez ele vencer o programa", relembra o professor. Ele também aponta que a 20ª edição do reality, primeira a reunir anônimos e famosos, abordou o machismo, sororidade e trouxe um retrato da sociedade da época ao consagrar a médica Thelma Assis (40) como campeã.
O mesmo aconteceu no BBB 19, quando a casa foi dividida entre os grupos Camarote e Gaiola. À época, a casa ficou completamente polarizada e a vencedora escolhida pelo público foi Paula Von Sperling (34) —participante que esteve envolvida em acusações de racismo.
O cenário se repetiu no BBB 21, que teve como principais nomes Gil do Vigor (33) e Juliette Freire (35), a campeã. A paraibana levantou o debate sobre a xenofobia e, com pouco tempo de edição, se tornou a favorita a vencer o prêmio milionário. Já o economista carregou a bandeira da educação ao longo do programa e, até hoje, fala sobre a importância dos estudos e dá dicas sobre economia.
"Não podemos ignorar que há momentos em que pautas foram aprofundadas ou ignoradas no programa. É importante olhar o paradoxo desses dois lados existindo dentro do programa, elas coabitam", acrescenta ainda Lopes, citando momentos em que participantes tiveram a saúde mental afetada no programa, como aconteceu no BBB 24, com a influenciadora Vanessa Lopes (23).
Para além das relações interpessoais e debates que tangem a sociedade, o programa também pode servir de lição para diversos âmbitos, como a carreira profissional ao mostrar a superação de crises e desafios, e até mesmo para marcas e empresas, com suas ações publicitárias e provas patrocinadas.
E o BBB não é o único a trazer aprendizados. De acordo com uma pesquisa realizada pela agência Nozy Trends "20% das pessoas também acompanham realities como forma de aprender algo novo, seja uma receita ou descobrir um novo lugar para viajar".
O primeiro reality show do mundo, An American Family (1973), se tornou assunto nacional dos Estados Unidos ao acompanhar a vida da família Loud. O programa explorava os conflitos internos dos parentes e levantou debates sobre homossexualidade, liberdade sexual e também trouxe muitas confusões.
Mas, enfim, o que o BBB nos ensina? É simples: para além de todos os debates que caem nas mãos do público, é importante estar aberto para aprender com pessoas distintas, em diversas situações —mesmo que seja através do entretenimento.
mal vejo a hora de começar a me alienar com bbb
— beatriz (@bialltxs) January 9, 2025
Assistir bbb? Desculpa! Prefiro abrir um livro 👏🏻
— Maninho🦁 (@harsenzo) March 6, 2024