No universo gay existe a expressão ‘chaveirinho de hétero’. Designa o homossexual que aceita o papel de coadjuvante ao viver à sombra de um heterossexual ao invés de protagonizar a própria história.
Infelizmente, Vyni se tornou um exemplo desse comportamento autossabotador no ‘BBB22’. Ele insiste em apenas orbitar no entorno de Eli. Na maior parte do tempo, é uma ‘planta’ à sombra do amigo hétero. Juntos ou separados, não desempenham papel relevante no jogo.
Parte do público enxerga um vínculo homoerótico. Chegaram a ‘shippar’ a dupla. Mas, enquanto o ‘hétero padrão’ beija colegas e até faz sexo sob o edredom, o jovem gay assiste a tudo com passividade. Aceita ser um apêndice da trajetória alheia – e parece cada vez mais solitário.
Um fato bizarro ressaltou o papel submisso de Vyni. Ele depilou as nádegas de Eli. Outros participantes do reality show ficaram chocados ao saber de tal intimidade. E, assim, o influenciador aprofunda sua dedicação ao colega enquanto deixa de beneficiar a si mesmo na competição.
Vinícius entrou na casa do ‘BBB22’ como favorito. Ele ganhou milhares de seguidores apenas com as chamadas para a estreia do programa. Um fenômeno que chegou a ser comparado com a popularidade da campeã do ‘Big 21’, Juliette. Aliás, a imprensa e muitos telespectadores se apressaram em rotular o rapaz de ‘novo Gil do Vigor’. Lamentável equívoco.
No vídeo de apresentação e no primeiro dia no confinamento, Vyni era a encarnação da alegria, do carisma, daquele comportamento histriônico que faz sucesso em realities. Na sequência, ele começou a se retrair. Preferiu passar despercebido a dar a cara para jogar e se arriscar. Tornou-se apenas mais um na casa. O brilho apagou.
O protagonismo assumido por Arthur, Natália e Jade o deixaram ainda mais ofuscado. Há tempo suficiente para Vyni reagir, se destacar, recuperar a torcida e o merecimento para chegar à final. Ainda pode surpreender e entregar na tela da Globo o entretenimento que o tornou famoso nas redes sociais.
Ele é importante para a representatividade. Nordestino, de origem humilde, da comunidade LGBTQIA+, graduado em Direito graças ao Programa Universidade para Todos (Prouni). Há incontáveis brasileiros semelhantes em todos os cantos. Espera-se muito dele no reality show justamente por ter recebido a chance que milhões de anônimos sonham e jamais terão.
No fundo, Vyni é vítima do nosso excesso de expectativas, da falsa ‘primeira impressão’, da comparação inadequada com grandes personagens do programa e da alteração emocional de quem se vê enclausurado e sob vigilância permanente. Tomara que se reencontre e escreva a própria história no ‘Big Brother’.