“Miiiinaaaaaaaaa!”
Tão característico quanto o bordão de Viúva Porcina ao gritar pela empregada em ‘Roque Santeiro’ era seu acessório de cabeça preferido: o turbante.
A fazendeira adorava exagerar nas cores e nos volumes para cobrir a cabeça. Em entrevista ao canal de YouTube da jornalista Leda Nagle, Regina Duarte revelou detalhes da composição.
Cansada de usar na TV os cabelos naturalmente muito lisos, a atriz fez um permanente – febre entre as brasileiras na década de 1980 – para conseguir nova textura a fim de interpretar a excêntrica personagem.
“Cheguei na Globo toda crespa”, contou a artista. Regina gostou do visual. A cabeleira abundante ficou perfeita para a indomável Porcina. Mas surgiu um problema: o efeito do permanente começou a passar e fazer novamente poderia destruir os cabelos da atriz.
Ela passou a usar rolinhos para conseguir fios encaracolados. Para disfarçar a técnica, pensou em lenços. O figurinista e visagista Marco Aurélio teve ideia melhor.
“Vou criar turbantes a la Carmen Miranda”, disse, segundo o relato de Regina. E assim nasceu a imagem mais conhecida da Viúva Porcina: a cabeça com o acessório de tecido que parecia coroá-la. Virou moda nacional.
Hoje, o uso seria questionado. Mulheres brancas com turbantes já foram acusadas de apropriação cultural por incorporar um símbolo da ancestralidade africana.
Até pacientes de câncer, com queda de cabelos por conta da quimioterapia, foram criticadas por recorrer ao acessório. Politicamente incorreta, Porcina bateria de frente contra as peculiaridades culturais desses novos tempos.