Por enquanto, não há detalhes a respeito da renúncia de Antônio Augusto Amaral de Carvalho Filho, o Tutinha. O empresário deixou a presidência do Grupo Jovem Pan.
Especula-se que seja uma manobra para reabilitar a tradicional companhia de mídia, abalada com a saída de vários anunciantes e a desmonetização no YouTube.
Ao longo do domingo (8), durante os ataques terroristas contra as sedes dos Três Poderes, em Brasília, a internet foi inundada por acusações contra a Jovem Pan.
Na visão dos críticos, aquela que já foi uma renomada ‘grife de jornalismo’ teria parcela de responsabilidade nas iniciativas golpistas por oferecer palco a discursos extremistas.
Nesta segunda (9), o Ministério Público Federal (MPF) abriu inquérito para investigar a conduta da emissora. O cerco se fecha e enfraquece ainda mais a TV localizada na Avenida Paulista.
Porta-voz de Jair Bolsonaro desde a inauguração, em outubro de 2021, a Jovem Pan se converteu em megafone para vozes arbitrárias.
Na TV, teve comentarista que defendeu a contestação violenta da posse de Lula e até sinalizou simpatia por uma guerra civil que poderia ser promovida pelos apoiadores radicais do ex-presidente militarista.
A emissora fez da intransigência a sua linha editorial. Derrotada nas urnas com Bolsonaro, a Jovem Pan News agiu rápido: demitiu alguns ícones do jornalismo ideologizado. Não surtiu efeito.
Vários contratados, especialmente comentaristas, continuaram a exprimir opiniões favoráveis a atos antidemocráticos. O canal ainda é visto como um ninho de serpentes.
Dois editoriais lidos no ar – um deles pelo CEO do grupo, Roberto Araújo, que agora assume como presidente – tentaram vender suposto alinhamento da JP News com princípios democráticos inegociáveis. Não colou.
A saída de Tutinha, ainda o principal acionista da empresa, gera pouco impacto. A Pan continuará associada à disseminação de fake news e considerada um estorvo ao Estado democrático de direito.
Os gravíssimos episódios no DF ampliam os inevitáveis danos, inclusive econômicos, a quem continuar com postura dúbia. Não há meio-termo quando a democracia está em risco.
A forte pressão sobre anunciantes deve prosseguir, ampliando a sangria de dinheiro. A Jovem Pan se colocou em um túnel sem luz para encontrar a saída.