Rica e bem-amada, Fátima acerta ao priorizar vida fora da TV

Apresentadora que já sofreu crise de ansiedade no ar vira exemplo de desapego ao não ser refém do próprio sucesso

12 mai 2022 - 11h29
Fátima terá mais tempo para o namoro com Túlio Gadêlha
Fátima terá mais tempo para o namoro com Túlio Gadêlha
Foto: Reprodução/Instagram

“A fama é um pedaço de nada que o artista agarra no ar sem saber por quê”, concluiu o escritor e dramaturgo espanhol Fernando Arrabal. Muitos famosos da TV, de atores a jornalistas, são obcecados por tal ilusão.

Sacrificam a vida privada em nome da imagem pública e pela manutenção da popularidade a qualquer custo. Não aceitam a diminuição de sua visibilidade midiática tampouco ceder o lugar a um sucessor.

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Não é o caso de Fátima Bernardes. Ao pedir para deixar o ‘Encontro’, após 10 anos bem-sucedidos, mostra saudável desapego. Troca o programa diário criado para ela pelo ‘The Voice’, uma atração por temporada onde não será o centro das atenções.

A mudança foi motivada pelo desejo de ter mais tempo para as filhas e os pais que moram no Rio, o namorado que vive entre Brasília e Recife, e o filho residente em Paris.

Mais tempo para si mesma a fim de viajar, curtir a casa, brincar com os cachorros, fazer aulas de dança, praticar o ócio criativo sugerido pelo sociólogo italiano Domenico De Masi. A apresentadora sabe que a vida não se resume à carreira na televisão.

A fama é saborosa, mas escraviza. Muita gente se mantém infeliz diante das câmeras por medo do ostracismo e da solidão. Acredita que não será ninguém sem a luz dos estúdios, o assédio dos fãs, os afagos da imprensa, a bajulação dos colegas.

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Muitos apresentadores de sorriso fácil no vídeo só ficam de pé graças ao efeito de antidepressivos e ansiolíticos. Destruíram a saúde mental ao se submeter à tensão por audiência, ao medo da concorrência, à obsessão de se manter no auge o tempo todo.

A própria Fátima sentiu o estresse na pele. Em 20 de junho de 2007, ela teve uma crise de esgotamento ao vivo durante o ‘Jornal Nacional’. Simplesmente ‘apagou’ na bancada. Foi retirada do estúdio e William Bonner, então seu marido, encerrou o telejornal sozinho.

Demorou 1 ano e meio para receber o diagnóstico definitivo: crise de ansiedade. O motivo? Ela não estava mais feliz ali. Queria sair do ‘JN’, mas tinha receio de revelar e ser duramente julgada. Afinal, como uma jornalista poderia querer deixar o posto mais cobiçado do telejornalismo brasileiro?

Tudo indica que agora, às vésperas de completar 60 anos, Fátima Bernardes não sente mais medo de dizer o que quer e, assim, fazer o melhor para si. Por isso deixará o ‘Encontro’ – abrindo mão de status e de uma mina de ouro de merchandising – para ter uma rotina mais leve. Um exemplo de autopreservação a ser observado por todos nós.

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