‘Virginia Fonseca agora é do SBT! Maior influenciadora do Brasil chega para somar ao time de estrelas da emissora.’
É com esse entusiasmo que a emissora paulista comunicou à imprensa a contratação de uma das mais populares e polêmicas personalidades do Instagram.
Para seus quase 45 milhões de seguidores, Virginia é a maior celebridade da internet. Entretanto, muitas pessoas enxergam apenas uma jovem com conteúdo vazio, dedicada a se autopromover e vender produtos.
A fama e a fortuna conquistadas por ela incomodam na mesma proporção que estimulam milhares de anônimas a tentar a ‘carreira’ de influencer. Tamanha controvérsia faz bem à persona pública.
Virginia deve comandar o ‘Sabadou’, programa com convidados, brincadeiras e atrações musicais, ao estilo do ‘Viva a Noite’, um grande sucesso de Gugu Liberato na faixa noturna dos sábados na década de 1990.
A contratação da influenciadora inexperiente em televisão é uma aposta arriscada do SBT para renovar a programação estagnada. A novidade suscita uma dúvida: uma webcelebridade é capaz de repetir na TV o sucesso alcançado nas redes sociais?
A relevância das emissoras de sinal aberto depende da criação de novas gerações de telespectadores. Na visão de alguns executivos de comunicação, levar os ídolos do digital para a frente das câmeras seria uma maneira de atrair adolescentes e jovens adultos que hoje não têm interesse pela velha tela.
A Globo fez algumas tentativas. Kéfera Buchmann atuou na novela ‘Espelho da Vida’. Christian Figueiredo apresentou o quadro ‘Me Chama Lá no Quarto’ no ‘Fantástico’. Gkay competiu no ‘Dança dos Famosos’. A repercussão foi menor do que se esperava.
Investindo cada vez mais no digital, o maior canal do país ainda não ousou a ponto de transformar um influencer em apresentador solo de programa, como faz agora o SBT, uma emissora atrevida assim como a personalidade de seu dono, Silvio Santos.
Todas as redes precisam de rostos novos para oxigenar o elenco. O óbvio parece ser buscá-los nas redes sociais, onde já possuem popularidade consolidada e boa relação com o mercado publicitário.
Permanece a desconfiança sobre a capacidade de se adaptarem à TV, que exige bem mais do que dancinhas coreografadas e piadas editadas, e entregar o que as emissoras tanto querem deles: ampliar a interação do veículo com a ‘galera’ que já nasceu segurando um smartphone e não está nem aí para o controle remoto.