Jair Bolsonaro possui uma militância combativa nas redes sociais, porém, parece ter atingido o teto de engajamento no digital. Em todas as pesquisas de intenções de voto realizadas até agora, apareceu atrás do ex-presidente Lula.
Se em 2018 ele não precisou da televisão para se eleger (tinha apenas 8 segundos no horário eleitoral), desta vez está evidente a necessidade de usar o alcance gigantesco do veículo de comunicação mais popular do Brasil para atrair mais apoiadores.
A propaganda gratuita nas emissoras de rádio e TV começará em 26 de agosto e vai até 29 de setembro, três dias antes do 1º turno. Filiado ao PL, Bolsonaro terá minutos preciosos para se promover.
Com base em dados de audiência da última eleição, as 5 principais redes (Globo, Record, SBT, Band e RedeTV) devem atingir, somadas, média de 30 pontos durante o falatório dos candidatos à Presidência.
Este índice representa 6 milhões de telespectadores somente na Grande São Paulo, principal área de aferição da Kantar Ibope. Ao considerar as 15 maiores regiões metropolitanas, pode-se atingir 30 milhões de pessoas. Um universo relevante para tentar diminuir rejeição e angariar votos.
Prova de que Bolsonaro e seus estrategistas estão de olho no potencial da velha TV é a frequência nas últimas semanas de pronunciamentos em cadeia nacional de ministros exaltando a figura do presidente. Na prática, uma peça de pré-campanha.
Outra confirmação do poder da televisão está na cruzada íntima de Bolsonaro contra a Globo. Se o veículo fosse pouco influente, ele não gastaria tempo e energia para contestar matérias, atacar William Bonner, se dispor a dar entrevista ao ‘JN’ e ameaçar não renovar a concessão do canal considerado inimigo.
Quem propagandeia a insignificância da televisão não tem noção do valor que os políticos mais poderosos do País dão à tela presente em 97% dos domicílios brasileiros. Lançada há quase 72 anos, a TV brasileira foi e continua sendo um cabo eleitoral indispensável.