Primeira no Ibope, a Globo é sempre a última a promover debates. Os encontros de candidatos no canal são considerados os mais importantes de qualquer campanha.
O alcance territorial da emissora pode gerar milhões de votos e até mudar a decisão de muitos eleitores. Mas nesta atípica disputa presidencial, a todo-poderosa Globo perdeu influência.
A não realização do debate no segundo turno deixou um vácuo na mais assistida rede de TV do Brasil. O ‘duelo’ entre Bolsonaro e Haddad estava previsto para ocorrer esta sexta-feira, dia 26, das 22h às 23h40.
Líder nas pesquisas de intenção de votos, o candidato do PSL anunciou que não irá a nenhum debate, apesar de ter sido liberado pela equipe médica que cuida de sua saúde desde o atentado a faca ocorrido em 6 de setembro, na cidade mineira de Juiz de Fora.
É mais um golpe na relevância da televisão durante a eleição. O veículo de massa já havia sido duramente atingido ao longo da campanha pela atuação vigorosa (e polêmica) das redes sociais e do serviço de mensagens WhatsApp. Essas plataformas digitais foram protagonistas da corrida ao Palácio do Planalto.
A propaganda eleitoral na TV se mostrou ultrapassada em formato. O telespectador-eleitor ignorou o blábláblá convencional. O dono do maior tempo no horário político, Geraldo Alckmin (PSDB), terminou o primeiro turno apenas em quarto lugar, com menos de 5% dos votos.
Bolsonaro, que teve míseros 8 segundos a cada bloco de programas na televisão e fez da internet sua principal máquina de publicidade, conseguiu 46% do eleitorado. Com isso, tirou da TV o signo de maior influenciadora de votos do País.
O curioso é que a propaganda dos candidatos na faixa nobre da Globo atraiu numeroso público. Na segunda-feira 15, por exemplo, registrou 25 pontos de média. Este índice representa 5 milhões de telespectadores somente na Grande São Paulo. Ou seja, o povo acompanhou o horário político, porém, não se deixou persuadir pelo falatório eleitoreiro no vídeo como em outras eleições.
Ao anunciar que atinge ‘100 milhões de uns’, o canal da família Marinho impõe sua soberania, mas já não garante a mesma cooptação de outros tempos.